Conhecendo o inimigo Saúde

terça-feira, 15 maio 2018
Foto: Ascom FAPEAL

Caracterização do Chikungunya em Alagoas permite a identificação precisa do vírus circulante e suas possíveis mutações

No ano de 2016 o Brasil passou por uma situação crítica na saúde pública, com 272 mil casos prováveis de arboviroses e 196 óbitos associados à infecção por Chikungunya, de acordo com o Ministério da Saúde. A região Nordeste apresentou o maior número de casos, correspondendo a 86% do total das notificações, sendo que em Alagoas foram reportados 514 casos positivos a cada 100 mil habitantes.

Segundo o professor Ênio José Bassi, do Laboratório de Pesquisas em Virologia e Imunologia (Lapevi) na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a caracterização do genótipo do vírus Chikungunya em amostras de pacientes de diferentes municípios do estado de Alagoas, através de técnicas de Biologia Molecular, permite a identificação precisa do vírus circulante e suas possíveis mutações. Este trabalho de acompanhamento epidemiológico permite uma constante vigilância sobre os surtos de arboviroses recentes, deixando o Estado em alerta para epidemias emergentes.

Ampla caracterização

“O projeto ainda está em vigência e estamos desenvolvendo pesquisas experimentais com os vírus Chikungunya e Zika, isolados em laboratório. Estamos caracterizando neste momento de forma mais ampla uma grande parte do genoma do vírus Chikungunya circulante em Alagoas, permitindo assim um maior monitoramento das divergências existentes no vírus e suas mutações que possam impactar no desenvolvimento da infecção e na sua interação com nosso organismo ou com o mosquito Aedes”, explica o pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFAL

“Além disso, estamos avaliando a resposta imune desenvolvida no paciente contra o vírus nos primeiros dias da infecção, buscando assim conhecimentos que possam auxiliar no monitoramento destas arboviroses”, acrescenta.

O que já se sabia

Isolado em laboratório na década de 1950 na África, o vírus foi reportado pela primeira vez no Brasil em 2014, quando foram detectados no país dois dos três genótipos conhecidos do vírus: o Asiático apareceu na região Norte e o Leste-Central-Sul-Africano (ECSA) na região Nordeste, no estado da Bahia.

Devido à cocirculação do vírus Chikungunya no Brasil, junto aos vírus da Dengue e Zika, a situação foi classificada como um grave problema de saúde pública. As três condições são classificadas como arboviroses, termo que designa algumas doenças transmitidas por arbovírus, hospedados em insetos artrópodes que geralmente se alimentam de sangue.

Neste caso, especificamente, a transmissão se dá através da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, o que torna o clima quente e as condições precárias de saneamento básico no Nordeste brasileiro uma situação que merece atenção e intervenções específicas, especialmente no campo da prevenção coletiva.

Financiamento

Foto: Ascom Fapeal

Coordenado pelo professor Ênio Bassi (em pé), o trabalho é desenvolvido em Maceió por alunos de graduação e pós-graduação. A equipe conta também com pesquisadores da própria UFAL, do Laboratório Central de Saúde Pública de Alagoas (Lacen) e do Centro Universitário Cesmac.

Na opinião do professor Ênio, a colaboração com diferentes pesquisadores e instituições permite o crescimento e desenvolvimento da pesquisa no estado de Alagoas, além da formação contínua de futuros cientistas qualificados a atuarem na área de arboviroses emergentes em saúde pública

O estudo dispõe de aproximadamente R$139 mil de orçamento do Governo Federal, para ser executado em 24 meses, incluindo bolsa de apoio técnico à pesquisa, com apoio Governo de Alagoas.

O estudo do grupo alagoano foi publicado na Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, na base da Scielo e está disponível em inglês.

Redação com informações da Ascom Fapeal

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