Estudo multicêntrico contou com a participação de profissionais da UFPE
O vírus da Chikungunya pode potencializar lesões renais com diferentes níveis de gravidade e em estágios distintos da infecção. Essa foi a principal conclusão do estudo multicêntrico “Chikungunya virus as a trigger for different renal disorders: an exploratory study” (“Vírus da Chikungunya como gatilho para diferentes doenças renais: um estudo exploratório”), que contou com participação de profissionais do Hospital das Clínicas da UFPE, da UFPE e de outros centros de pesquisa do Brasil. O HC é uma unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.
O estudo foi publicado na revista internacional Journal of Nephrology, na última semana, e investigou uma possível relação entre o vírus da Chikungunya e o desenvolvimento de alterações renais, especialmente em indivíduos geneticamente suscetíveis. “É importante disseminar esse assunto para conscientizar as pessoas que, por mais que as lesões sejam graves, elas podem ser identificadas por meio de exames simples e baratos, facilitando o acompanhamento precoce com um médico nefrologista”, explica a nefrologista do HC Denise Costa, uma das autoras do artigo.
Na elaboração do estudo, dois grupos de pacientes foram avaliados, totalizando 129 pessoas. Dessas, 15 já possuíam uma lesão renal comprovada por biópsia, estabelecida após a febre Chikungunya, enquanto as outras 114 são pacientes da Reumatologia do HC que têm manifestações articulares crônicas pós-febre Chikungunya, mas sem lesão renal conhecida.
Durante o desenvolvimento da pesquisa, foram avaliados marcadores de lesão renal em diferentes fases da doença. “A Chikungunya pode ter servido como gatilho para desencadear lesões renais principalmente em pacientes predispostos, já que o vírus não foi detectado no tecido renal. A longo prazo, provavelmente os rins não atuam como reservatórios e nem local de replicação para o vírus, já que não encontramos evidência de lesão renal ativa nos pacientes em fase crônica da Chikungunya”, salienta Denise Costa.
A pesquisadora destaca também a importância de estudos a respeito de uma doença recentemente introduzida no Brasil e ainda sem suas manifestações completamente conhecidas. “A publicação desse artigo coroa um trabalho iniciado como minha tese de doutorado e como monografia de um colega do Maranhão que começaram em paralelo e resolvemos juntar, agregando outros pesquisadores de vários Estados do Brasil, trazendo uma parceria excelente. Mostra que, apesar de todas as dificuldades que enfrentamos para fazer pesquisa, falta de incentivo, de tempo e de apoio financeiro, é possível e é necessário fazê-la”, pontua Denise Costa.
A pesquisa contou com a participação dos profissionais da área assistencial de Nefrologia do HC Lucila Valente, Gisele Vajgel, Maria Alina Cavalcante e Camila Oliveira; e da reumatologia, Ângela Duarte e Claudia Marques. Participaram também pesquisadores do Departamento de Medicina Tropical e do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), ambos da UFPE; do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (UFMA); da Universidade de São Paulo (USP); da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); do Hospital Universitário da Universidade Federal da Paraíba (UFPB); da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM); e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Fonte: Ascom/UFPE
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