No Rio Grande do Norte, mais de 500 pacientes buscaram ajuda para tratamento com cannabis medicinal durante a pandemia
Pacientes e médicos do Brasil e países estrangeiros relatam inúmeras sequelas deixadas pela infecção do coronavírus. Na corrida por medidas eficazes e seguras para apaziguar as consequências pós-infecção, cientistas apontam os efeitos terapêuticos da cannabis, mais especificamente de canabinóides (como o THC e o CBD). O tema será abordado na palestra da médica Paula Dall Stella, pioneira na prescrição de cannabis medicinal no Brasil, durante o Fórum Delta-9, que ocorre entre os dias 7, 8 e 9 de junho.
Pesquisadores canadenses sugeriram que extratos de Cannabis sativa podem auxiliar o tratamento da infecção por coronavírus, já que interferem, de forma positiva, no controle de inflamações no organismo do doente, de acordo com um preprint publicado na revista científica Ageing. Os compostos ativos da planta já são utilizados, em algumas circunstâncias, para alívio de dores e na redução de inflamações, o que poderia ser benéfico para o cuidado dos pacientes.
“Estudos já comprovaram os efeitos antiinflamatórios e imunomodulatórios de alguns componentes encontrados na Cannabis. O THC e CBD atuam de diversas vias inflamatórias similares ao Covid, só que do lado oposto, protegendo nosso organismo do ataque de substâncias tóxicas. O CBD e THC agem nos receptores endocanabinóides, que estimula respostas analgésicas e anti inflamatórias. Os mecanismos antinflamatórios também pode proteger o pulmão de lesões tardias como a fibrose pulmonar”, explicou a médica Paula Dall Stella.
Em casos de infecção pelo coronavírus, uma das situações responsáveis pelo agravamento da doença é a “tempestade de citocinas”. As citocinas são proteínas do sistema imunológico e são responsáveis por regular o processo inflamatório. Em alguns casos, com essa inflamação generalizada, os pacientes da COVID-19 podem desenvolver fibrose pulmonar, quando se formam espécies de cicatrizes no tecido do pulmão e, consequentemente, dificuldades respiratórias.
“Não somente isso, a Cannabis e seus derivados possuem ações que se relacionam a melhora do estado geral, pois podem combinar múltiplos aspectos terapêuticos, como redução da ansiedade, da dor, modular o estresse e melhorar a qualidade do sono e do humor. Essas ações combinadas melhoram a qualidade de vida dos pacientes com infecções e doenças múltiplas, não somente a Covid-19”, esclareceu a médica.
Pandemia: mais de 500 pacientes no RN buscam tratamento com cannabis
Durante a pandemia do covid-19, a Associação Reconstruir Cannabis Medicinal, teve um aumento de mais de 500 pacientes do RN em busca do uso terapêutico da cannabis, principalmente na busca de tratar patologias como ansiedade, depressão, insônia entre outras. Com o aumento da procura durante a pandemia, atualmente 700 pacientes recebem orientação ao acesso da cannabis da ONG potiguar, Reconstruir Cannabis.
“Com a atual regulamentação da cannabis no Brasil, fica inviável o acesso de remédios à base de cannabis, já que ainda é proibido o cultivo da planta, inclusive para fins medicinais e de pesquisa, fazendo com que o valor do remédio fique por volta de R$ 2.500 nas farmácias brasileiras. Todo o insumo vem de países que podem cultivar a cannabis, fazendo assim que toda a economia vá para outros países ao invés de gerar novos empregos e acesso de fato no nosso país. Onde essa realidade pode mudar caso o PL399 seja aprovado, um projeto de lei que visa que associações e empresas possam plantar a cannabis para fornecer esse insumo”, explicou o coordenador do Fórum, Felipe Farias.
Fórum debate temática da cannabis
Considerado um dos maiores fóruns voltados para a temática da Cannabis no Brasil, o Delta 9, produzido em parceria com a ONG Reconstruir, do Rio Grande do Norte, se prepara para uma nova edição nos dias 7, 8 e 9 de junho. Em sua sexta edição, o fórum terá palestras com especialistas brasileiros e internacionais. As inscrições podem ser feitas pelo site do evento, delta9brasil.com.
Fonte: Ascom Fórum Delta-9
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