Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, Nossa Ciência destaca o trabalho desenvolvido por pesquisadoras nordestinas
A paraibana Vanderlan da Silva Bolzani tem destacada atuação na Ciência Brasileira. Por um golpe do destino, ficou sem orientador antes de ingressar no Mestrado na USP e acabou sendo orientada por Otto Gottlieb, um dos grandes nomes da Ciência Brasileira e um dos maiores na área de produtos naturais. Voltou para dar aula na UFPB, mas não conseguiu mais se adaptar ao ritmo do lugar e rumou outra vez para São Paulo, onde vive há 40 anos entre a capital e Araraquara. As suas pesquisas em química de produtos naturais já lhe renderam 24 prêmios e títulos, entre os quais o Prêmio Jovem Cientista, do CNPq, em 1984 e o Prêmio Kurt Politzer de Inovação Tecnológica, da Associação Brasileira das Indústrias Químicas (Abiqui), em 2015. Nossa Ciência ouviu a professora Vanderlan, em sua sala de trabalho na Agência de Inovação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da qual é diretora executiva.
Nossa Ciência: Quais são suas lembranças de infância, que poderiam demonstrar algum interesse pela ciência?
Vanderlan Bolzani: As meninas tinham que brincar de bonecas, de casinha e eu achava muito sem graça, adorava brincar com os meninos de bolinha de gude, de pinhão porque tinha que competir. Minha mãe, uma legítima descendente de portugueses, que estudou em colégio de freiras e como as senhoras daquela idade, não gostava. Então se eu estudasse bastante e fosse bem na escola, podia dar umas escapulidas de vez em quando.
NC: Como optou pela Química?
VB: A minha formação de ensino médio foi toda pública no Liceu Paraibano, em João Pessoa. Na década de 1960, o mais comum era a gente escolher entre Medicina, Engenharia e Direito. Eu escolhi Medicina e fiz até o segundo ano, mas não gostei e resolvi trancar o curso por dois anos. Fiz vestibular de novo para Farmácia e Bioquímica na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, também na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Conclui o curso de Farmácia, desisti da Medicina e não me arrependo. A Farmácia tem um ciclo básico, que tem muita disciplina focada em Química Orgânica e Bioquímica, que era todo feito no Instituto de Química e eu me identifiquei bastante, eu adorava os cursos de Química Orgânica.
Continua: “O Brasil é um paraíso para se trabalhar em produtos naturais”
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