Descoberto durante expedição marinha em maio de 2017 e revelado em dezembro de 2019 mês por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), um banco de corais com aproximadamente 16 km², situado nos limites do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PNMFN) e em estado saudável, está prestes a ser novamente explorado.
Segundo a professora e pesquisadora Mirella Costa, do Departamento de Oceanografia da UFPE (Docean), a nova expedição, agendada para fevereiro próximo, vai buscar resposta para questões como o porquê esse recife estar em bom estado, fato que intrigou a equipe uma vez que em áreas próximas há ambientes dessa natureza com estrutura comprometida. “Também precisamos saber se há conectividade entre esses ecossistemas; se há troca de material biológico e compartilhamento de populações”, explica Mirella.
Pesquisadora Mirella Costa destaca que haverá registro de imagens na nova expedição. Foto: Divulgação.
Segundo a pesquisadora, como ocorreu na primeira expedição, a subsequente não prevê a coleta de material; apenas serão registradas imagens para pós-avaliação e será feita uma espécie de ressonância para verificar dados hidroacústicos e a forma dos recifes de corais.
Situado a cerca de cinco quilômetros da ilha, mas ainda dentro dos limites do PNMFN, o ambiente recém-descoberto gera rica biodiversidade no entorno. Desde a sua identificação, a equipe, liderada por pesquisadores e alunos do Departamento de Oceanografia da UFPE e de outras instituições de ensino e pesquisa, vem se debruçando para prospectar o máximo de informações sobre aquele ambiente marinho. Os estudos devem ser finalizados no próximo ano, quando será publicado um artigo científico a título de apresentação formal da descoberta à comunidade científica. Com o objetivo de mapear recifes e qualquer habitat, entre 30 a 150 metros de profundidade, o levantamento teve início em 2016.
Com características muito próprias para ambientes semelhantes já estudados, esse banco de corais se distingue pelo estado saudável e profundidade em que se encontra – entre 40 e 50 metros –, além de ser um recife monoespecífico; formado apenas pelo coral de nome científico Montastraea cavernosa.
A surpresa, segundo Mirella Costa, é que no Brasil a maior parte dos bancos de corais consiste numa mistura de várias espécies que compõem sua estrutura, especialmente algas coralinas. E, para exemplificar, ela relaciona a Costa dos Corais (Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, entre o litoral Sul de Pernambuco e o litoral Norte de Alagoas) e o Atol das Rocas (Reserva Biológica Atol das Rocas, no Rio Grande do Norte). A partir desse estudo, que busca identificar como funcionam e se interligam os diversos habitats encontrados, o grupo de pesquisadores deverá sugerir medidas de conservação dos ecossistemas.
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