Programa Segunda Água implanta barragens e ajuda agricultores do Rio Grande do Norte a recuperar áreas do semiárido
Promover a reconstituição e preservação de agroecossistemas junto a agricultores familiares. Com essa missão, em 2008, foi criado o Programa Segunda Água que é responsável pela implantação de Unidades Técnicas Demonstrativas (UTDs) de barragens subterrâneas, renques, barramentos assoreadores, cacimbões, hortas e pomares nas propriedades. Essas tecnologias são adaptadas ao semiárido, permitindo a recuperação do meio ambiente com o acúmulo de água de qualidade para produção de alimentos e suporte forrageiro.
O programa já beneficiou 1.692 famílias espalhadas em 108 municípios do Rio Grande do Norte que hoje colhem milho, feijão, mandioca, maracujá, manga, acerola, goiaba, caju, além de espécies forrageiras para alimentação do gado.
De acordo com o engenheiro agrônomo Sérgio Augusto Moreira Pinheiro, que é o coordenador de convivência com o semiárido da Emater-RN – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, as tecnologias do Segunda Água se destinam ao produtor rural pronafiano (participante do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf), cuja propriedade detenha as condições físicas para implantação das tecnologias recomendadas, todas de fácil aplicação. “Devem ser escolhidas áreas com declividade favorável para acumulação de água no perímetro da barragem, bem como aspectos ligadas aos solos. São avaliados também aspectos físicos e ambientais, além dos aspectos sociais que são critérios de seleção dos beneficiários do programa”, explica.
O programa existe a partir de um convênio entre o Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (SAPE) e da Emater-RN, com o Governo Federal, representado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Segundo Pinheiro cada barragem é construída atualmente a um custo de R$ 9.322,00. Ele esclarece que para o produtor ter uma UTD em sua propriedade é necessário se cadastrar no programa. “O interessado deve procurar o escritório local da Emater-RN em seu município para se cadastrar no projeto. Em seguida, o técnico avaliará as condições de sua propriedade para a implantação da UTD. Aspectos físicos e ambientais, além dos aspectos sociais são critérios de seleção dos beneficiários do Programa”, detalha o engenheiro.
Hortas e pomares
As hortas e pomares são o resultado de todo o trabalho desenvolvido pelo projeto. Com água suficiente acumulada pelas barragens, o agricultor familiar garante a produção de alimentos saudáveis para as famílias durante todo o ano. As culturas variam muito com a época do ano, necessidade das famílias e mercado. Pinheiro destaca as culturas de subsistência como o milho, feijão e mandioca, as frutíferas (maracujá, manga, acerola, goiaba e caju) e espécies forrageiras para alimentação do gado. “O excedente da produção poderá ser comercializado no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA – compra direta) e nos mercados locais, garantindo renda para todos”, garante.
Pinheiro explica que o programa foi prorrogado até o final de dezembro de 2018. “Essa etapa contemplará a construção de 400 novas barragens, bem como a capacitação de técnicos e agricultores, além das visitas de avaliação das 1.692 barragens já construídas”, comemora o engenheiro da Emater-RN.
Veja as características de cada uma das técnicas usadas pelo programa:
Barragem subterrânea
A barragem subterrânea é uma implantação que tem por finalidade barrar a água de riachos temporários e mantendo a umidade no subsolo. Permite os cultivos na época de estiagem e aumenta o armazenamento de água para ser aproveitada através da captação e bombeamento em cacimbões, também conhecidos como poços amazonas.
Renques em contorno
Os renques são implantações simples realizadas em nível e com espaçamento determinado pela declividade do terreno. Servem como balizadores para realizar plantio em curva de nível.
Diminui o escoamento superficial das águas de chuva enriquecendo o solo pelo acúmulo de matéria orgânica e solo fértil, reduzindo a erosão, possibilitando a regeneração da vegetação nativa.
Barramento assoreador
São implantações feitas com pedras arrumadas de forma transversal ao leito de pequenas riachos para conter a erosão causada pela água das enxurradas, através do acúmulo de solo fértil e matéria orgânica a montante dos barramentos. Desta forma evita formação de voçorocas e permite a formação de solo para plantio de culturas alimentícias ou mesmo regeneração da vegetação nativa nas margens dos riachos.
Cacimbão
O cacimbão é um poço cavado manualmente ou com auxilio de máquinas, revestido por anéis de concreto, cuja finalidade é fornecer água para irrigar hortas e pomares do projeto. Deverá ser implantado a uma distância média de cinco metros na montante da barragem. Sua profundidade é de aproximadamente cinco metros. Para implantar um cacimbão, é necessário, além dos anéis pré-moldados, tampa, brita e cimento.
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