2018: perspectivas para a ciência (4) Especial

quarta-feira, 10 janeiro 2018

Quais são os desejos da comunidade científica para o Ano Novo? Confira mais respostas da nossa enquete.

O ano de 2017 chegou ao fim e certamente para a ciência e tecnologia no Brasil esse período ficará marcado pelos cortes, contingenciamento e tantas outras complicações políticas e econômicas. Virando a página, começa a surgir no horizonte 2018. O que esperar do ano novo? Nossa Ciência ouviu pesquisadores e outros profissionais da área sobre as perspectivas para o país e também para o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro em diferentes áreas.

Confira os depoimentos:

Ângela Maria Paiva Cruz. Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Para Ângela Cruz universidade deve estimular o respeito e o direito a diferença.

“Esperamos em 2018 saúde, paz, tolerância e disposição para lutar pelos direitos conquistados pela Constituição de 1988, dentre os quais citamos prioritariamente a educação pública de qualidade e inclusiva, a saúde e a liberdade de expressão.

Celebraremos com a sociedade Potiguar os 60 anos de protagonismo da UFRN, com eventos científicos, culturais e artísticos demarcadores da nossa atuação sistêmica e diferenciada no RN. Esperamos que no ano novo também esteja presente a esperança, o amor e a solidariedade e que todos estejam comprometidos com ações profícuas para a construção de um mundo melhor!”

Zeu Palmeira. Professor do Departamento de Direito Privado do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA/UFRN). É líder do Grupo de Pesquisas “Direitos Sociais e Contemporaneidade”, integrante do Grupo de pesquisa Cultura, Política e Educação e membro do Observatório Boa Ventura de Estudos Sociais; coordenador de pesquisa do GESTO-UFRN (Grupo de Estudos Seguridade Social e Trabalho) e membro da CETI (Comissão de Erradicação do Trabalho Infantil).

“A expectativa é que em 2018 a universidade pública volte a questionar o seu papel na sociedade brasileira. Espero que ela sirva para se autoquestionar e se autoesclarecer quanto à sua influência na reprodução das forças políticas hegemônicas que chancelam a crueldade, a opressão, a negligência, as discriminações e a exploração das mazelas sociais, tais como: a precarização do trabalho, a exclusão social promovida pelo Estado neoliberal, o populismo penal, o assédio moral, o trabalho em condição análoga à escravidão, o trabalho infantil, etc. Enfim, minha expectativa é que a universidade esteja mais presente no meio do povo e se abra para servir de espaço para estimular a aprendizagem, a pesquisa e o debate sobre a democracia no Brasil, os conflitos redistributivos recrudescidos com o Golpe de 2016 e as mobilizações resistentes.

Acho importante se estudar e pesquisar também em 2018 o que fazer com a política de retrocesso social do Governo Temer. Quem se prepara para derrubar uma ditadura deve se preparar também para administrar o legado deixado pelo ditador, tais como: a violência; a miséria; e o descontrole das políticas públicas.

Uma ditadura consolida-se diante de um povo dividido e que não confia no seu poder. Um povo amedrontado e manipulado sequer se permite em pensar na resistência, pois tende a ser um amontoado de pessoas com os sonhos suspensos e com as esperanças entorpecidas. Em face disso, tentarei realizar pesquisas e estudos acadêmicos que estimulem a confiança e o empoderamento popular na transformação pela mediação da resistência.

É preciso ficar de olho para analisar criticamente, a partir dos estudos acadêmicos, os riscos à democracia. As eleições sobre uma ditadura tende a ser uma farsa, visto que a estrutura ditatorial tende a  não permitir a vitória de alguém que venha a colocar em xeque a própria estrutura de dominação de um ditador.

Então o primeiro recurso da ditadura é bloquear a candidatura daquele que tem verdadeiramente aspirações democráticas.

Enfim, não é possível eleições livres num regime ditatorial.

Afinal, qual ditadura se propõe a bancar eleições  que lhe retire do poder? Daí a importância de os estudos e pesquisas não serem indiferentes a tais riscos. É preciso pesquisar os riscos à democracia, analisá-los, criticá-los e denunciá-los, inclusive junto à comunidade internacional, para reforçar a autoconfiança da resistência interna, fornecer subsídios para o planejamento e a execução de estratégias competentes de luta contra a opressão.”

Leia 2018: perspectivas para a ciência (3)

 

Edna Ferreira e Mônica Costa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Site desenvolvido pela Interativa Digital