Para pesquisador José Dias, este é o principal fator para queda na produção científica da UFRN
Em 2023, pelo segundo ano consecutivo, cientistas brasileiros publicaram menos artigos, refletindo uma tendência preocupante, especialmente na UFRN, que registrou uma redução superior a 8% em relação ao ano anterior. Nossa Ciência ouviu o pesquisador José Dias do Nascimento Junior. Ele atribui essa queda à diminuição dos investimentos em ciência e tecnologia, agravada pela pandemia de Covid-19, resultando na desvalorização e evasão de pesquisadores.
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Um preocupante resultado acerca da produção científica brasileira de 2023 foi divulgado recentemente por um relatório da editora científica Elsevier e da Agência Bori. De acordo com o documento, pelo segundo ano consecutivo houve queda na produção de artigos por cientistas brasileiros. A pesquisa analisou os dados de 31 universidades e centros de pesquisas que publicaram 1.000 artigos ou mais em 2022.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) seguiu a tendência brasileira e também teve redução na produção de seus pesquisadores. A queda foi superior a 8% em relação a 2022, que já havia sido menor que 2021. Das universidades do Nordeste foi a que teve a segunda maior redução, menor apenas do que a da Universidade Estadual do Maranhão.
Para o pesquisador José Dias do Nascimento Junior, do Departamento de Física, da UFRN, essa é uma tendência preocupante. Em sua opinião, essa queda foi impulsionada por fatores interligados.
Brasil perde cientistas
“Primeiramente, os cortes e a redução de investimentos em ciência e tecnologia, que remontam ao início do governo Temer, são elementos centrais. Essa queda sistemática no financiamento foi mantida por quase uma década, resultando, entre outras consequências, na desvalorização e evasão de pesquisadores”, sugere.
O professor, que bolsista em produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lamenta a perda de cientistas pelo Brasil. “Muitos cientistas buscaram oportunidades fora do país ou migraram para áreas onde o financiamento e as condições de trabalho são mais favoráveis.” José Dias aponta ainda a pandemia de Covid-19 que ocorreu nos anos de 2021 e 2022 em todo o planeta e que teve impactos em praticamente todas as áreas da atividade humana. “Como se não bastasse, o impacto da pandemia de COVID-19 também influenciou significativamente essa situação”, finaliza.