A frase reflete o pensamento otimista do engenheiro químico Marcus Fook, coordenador do Certbio, laboratório de referência em biomateriais instalado no nordeste
“Eu sou fruto do empreendedorismo de um pesquisador reconhecido em todo o Brasil, o professor Lynaldo Cavalcante de Albuquerque”. É dessa forma que o engenheiro químico Marcus Vinicius Lia Fook se define. A graduação em Engenharia Química ele fez na Universidade Federal da Paraíba, mestrado em Química também na UFPB e o doutorado em Química na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atualmente é professor assistente da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, Coordenador Administrativo e de Pesquisa e Extensão da Unidade Acadêmica de Engenharia de Materiais da UFCG, onde também coordena a Pesquisa e Extensão da universidade. Ele coordena o Certbio, o Laboratório de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais do Nordeste e preside a SLABO – Sociedade Latino-Americana de Biomateriais, Órgãos Artificiais e Tecidos de Engenharia. De seu extenso currículo ainda constam 61 orientações de Mestrado, 18 de Doutorado e três livros. Em sua sala no Certbio, ele recebeu o Nossa Ciência para uma entrevista. Confira.
Nossa Ciência: Qual é a origem do Certbio, o Laboratório de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais do Nordeste?
Marcos Fook: Eu sou fruto do empreendedorismo do professor Lynaldo Cavalcante de Albuquerque. Nós somos um laboratório da unidade acadêmica de Engenharia de Materiais e temos um Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM) de conceito 5. O Certbio surgiu como empreendedorismo do curso de Engenharia de Materiais, do meu Doutorado e da necessidade do Brasil ter laboratório de referência nessa área. Recentemente, conseguimos aprovar um projeto para construir em Campina Grande o Instituto Certbio, que vai ser um investimento do Ministério da Saúde da ordem de cinco milhões de reais.
NC: O que vai ser o Instituto?
MF: O Instituto Certbio é a possibilidade de fazer a conexão da pesquisa com a sociedade, com a extensão. Nós vamos ter nessa construção desde aplicação de produtos desenvolvidos aqui no Certbio, residência médica na área de saúde e atendimento ao público. É um projeto ambicioso. É um sonho que nós queremos começar a realizar para o futuro, para que possibilite para as futuras gerações uma oportunidade de no nordeste ter um laboratório de excelência na área de biomateriais.
NC: Qual a importância do Certbio?
MF: O ponto marcante da instalação do Certbio foi no ano de 2011 quando surgiu o escândalo das próteses francesas mamárias, as próteses PIP. No final daquele ano, a Anvisa, o Ministério da Saúde perceberam que não havia no Brasil um laboratório capaz de responder àquela questão. À época, já existia um esforço da Anvisa e do Ministério da Saúde em instalar um laboratório de referência em biomateriais no nordeste. Nós somos um dos três laboratórios oficiais da Anvisa para avaliação de materiais de uso em saúde, junto com o Senai Polímeros, no Rio Grande do Sul e o de Biomecânica da Universidade Federal de Santa Catarina.
NC: Quais são as aplicações?
MF: Do ponto de vista das aplicações do que se desenvolve no Certbio, hoje nós desenvolvemos dissertações e teses voltadas para a aplicação do uso em saúde, que é o grande esforço do Ministério da Saúde, através da Secretaria de Ciência e Tecnologia e do Departamento do Complexo Industrial da Saúde (Decis), de ter no Brasil desenvolvimento de produtos com tecnologia nacional. Nós temos uma perversa relação na balança comercial na área de saúde, o déficit do Brasil chega a U$ 11 bilhões, ou seja, nós importamos mais materiais do que exportamos nessa área. Todo esse esforço de financiamento público do Certbio é no sentido de termos aqui no Brasil desenvolvimento de produtos e que atenda ao SUS. Todo o desenvolvimento aqui é voltado para o SUS.
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