Saiba como os astronautas realizam no espaço algumas tarefas do dia-a-dia como comer, ir ao banheiro e tomar banho
Segundo uma convenção internacional o espaço começa a 100 quilômetros acima do nível do mar. Abaixo disso e estaremos cada vez mais imersos no manto gasoso que envolve nosso mundo: a atmosfera que nos protege e nos alimenta. No espaço não existe ar e, portanto, não há como propagar vibrações mecânicas, como o som. Assim, o grito de um astronauta estará sempre contido nos limites de seu próprio capacete.
Dito dessa forma o espaço soa como um lugar sinistro, mas o fato é que até hoje nenhum ser humano morreu por lá. Todos os acidentes fatais aconteceram abaixo dos 100 km de altitude.
Cotidiano
A sensação de ausência de peso quando se está em órbita recebe o pomposo nome de imponderabilidade. Isso não é o mesmo que ausência de gravidade (o que não ocorre), mas produz efeitos curiosos tanto no corpo quanto na mente humana.
No espaço, simplesmente não existe “em cima” e “embaixo”. O interior das naves precisa identificar bem o teto e o chão porque o astronauta simplesmente não sente diferença alguma. Não se tem a sensação de estar de cabeça para baixo, por exemplo.
E ao contrário do que se poderia pensar, as refeições não são “pílulas”, mas comida quente e saborosa. Contudo, algumas tarefas do dia-a-dia tornam-se mesmo peculiares em órbita. Como ir ao banheiro, ou melhor, ao “sistema de administração de dejetos”, cujo assento possui um aspirador, para que a microgravidade não deixe o usuário constrangido ao ver que seu ato resultou numa miríade de objetos mal cheirosos flutuando ao redor.
A higiene de um astronauta é trabalhosa. Tomar banho requer a montagem do box (que afinal não vai ficar sempre ocupando um lugar no restrito interior da nave), abastecê-lo com água, depois se lavar, aspirar toda a água (você não iria querer que bolhas d’água circulassem livremente pela nave) desmontar o compartimento e reciclar a água utilizada. Mesmo assim o prazer de um banho após um exaustivo dia de trabalho compensa o esforço.
Esforço, aliás, é o que não deve faltar a um astronauta, que se alterna entre oito horas de trabalho, sono e lazer, mais uma importante série diária de exercícios físicos. É que sob a imponderabilidade, o cálcio escapa pela urina e a estrutura óssea se enfraquece.
O pouco uso das pernas também faz o sangue circular mais pela parte superior do corpo e isso amolece os músculos. Movimentos mais suaves também diminuem o consumo de oxigênio transportado pelos glóbulos vermelhos, o que resulta numa diminuição de 8 a 20% em seu número total.
Arte e técnica
Do lado de fora da nave a absorção de temperatura ainda depende de certas características do material de que ela é feita. A superfície externa, tanto da nave quanto do traje espacial, devem ser claros para refletir bem a luz e o calor do Sol.
Mas esse não é o único sistema para proporcionar uma temperatura confortável. O calor do próprio astronauta pode fazer do interior de seu traje espacial um lugar sufocante. Para evitar isso uma rede de tubos circula água próxima ao seu corpo.
O calor corporal é então transferido para uma unidade de refrigeração no compartimento montado em suas costas, onde a água entra em contato com uma placa de metal porosa cuja outra extremidade está conectada ao espaço. Parte da água atravessa lentamente os poros e congela, sendo progressivamente expelida no vazio (sublimada), como vapor.
São apenas algumas minúcias da Astronáutica, a arte e técnica de navegar o firmamento.
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Leia o texto anterior: Vivendo no espaço – 1ª parte
Leia também Astronomia Zênite
José Roberto de Vasconcelos Costa
Muito bom o texto! Surpreendente!
Poderiam fazer uma avaliação do filme: “perdido no espaço”? Seria realmente possível a vida em Marte? Obrigada!
Que bom que gostou, Michelle!
Com certeza está em nossos planos falar do intrigante planeta Marte. Continue nos acompanhando!