Colunista coloca na mesa de discussão vantagens e desvantagens das emergentes fake foods
O termo fake (típico estrangeirismo) já incorporado ao velho português das redes sociais (sob forma de fake news) já promoveu estragos irremediáveis ao nosso país. E ao que tudo indica, também está de data marcada para desembarcar em nossas mesas. A fake food, aquela que parece, mas não é, já circula há anos por todos os cantos do planeta.
Não falamos aqui daquela peça de carne de terceira qualidade vendida no açougue como carne de primeira. Fake food são comidas montadas artificialmente e que simulam sabores e sensações completamente estranhos à sua composição.
Um exemplo assustador vem da picanha fake, produzida pela junção de pedaços de carne de qualquer parte do animal usando uma “cola” biológica: a transglutaminase. Com isso, pedaços de carne e uma camada de gordura tentam reproduzir aquilo que pode ser uma suculenta picanha argentina.
Só que as carnes “fake” não param por aí. Uma nova tendência na China vem sendo a confecção de suculentos bifes “bovinos” de origem 100% vegetal.
O espeto de maminha teria em sua composição amendoim, soja e tofu. O sabor característico pode ficar por conta de substâncias artificiais que enganam as papilas gustativas. E como tudo que é novo, tem associado a si uma série de vantagens e também de desvantagens. A vantagem de expandir as possibilidades para novos vegetarianos no planeta, permitindo com que menos florestas sejam transformadas em pastos. A desvantagem fica por conta da incerteza quanto à interação do nosso corpo com estas moléculas estranhas sintetizadas artificialmente – preparadas com o intuito de enganar nossos sentidos, fazendo-nos acreditar que amendoim tenha sabor de frango, carne ou peixe. Nossa experiência com embutidos e conservantes não é nada animadora.
Se considerarmos o horizonte de um futuro com cada vez menos recursos naturais, ao invés de alimentar os animais com ração e comer sua carne teremos a opção de montar a carne nossa de cada dia com a própria ração.
No entanto, antes deste apocalipse alimentício, teremos a oportunidade de tornar a agricultura familiar uma poderosa ferramenta de inclusão e produção de comida orgânica e verdadeira. Quanto ao convite lá do título: – Não, obrigado. Ao invés da carne fake prefira um bom tomate-cereja livre de agrotóxicos.
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Leia o texto anterior: Redobrando os esforços
Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
Essa possibilidade tinha tudo pra ser uma grande saída pra escassez de recursos naturais e para uma alimentação mais limpa, mas o histórico da indústria alimentícia é péssimo nesse quesito, né? Dá vontade de comer um bife de origem vegetal sabor carne, mas dá realmente muito medo do que possa estar dentro desse bife…
Gostei muito do texto!