Uso de percolado de aterro sanitário como fonte de nutrientes em cultivos agrícolas Sustentabilidade

sexta-feira, 27 agosto 2021

Esse resíduo líquido também pode ser utilizado como fonte hídrica e de matéria orgânica para a revegetação de áreas degradadas

O gerenciamento de resíduos sólidos é, provavelmente, o maior problema a ser enfrentado por um gestor público. É também uma questão de qualidade de vida e desenvolvimento econômico, pois uma cidade que não pode gerir eficazmente os seus resíduos, raramente é capaz de gerenciar os serviços mais complexos como saúde, educação e transporte.

Uma política efetiva de gerenciamento de resíduos representa uma grande oportunidade para as cidades, pois, na prática, reduz os níveis de emissão de gases de efeito estufa prejudiciais à saúde humana e ao ambiente.

Como forma de minimizar os impactos causados pela disposição inadequada dos resíduos urbanos, a construção de aterros sanitários é uma das soluções mais eficazes, entretanto, esse tipo de disposição dos resíduos também gera grandes quantidades de líquido percolado altamente poluente.

Do ponto de vista da sustentabilidade, o percolado deve retornar ao ciclo econômico e produtivo de forma eficiente para garantir a sua disposição final. Uma alternativa para a disposição e tratamento desse resíduo líquido é a sua utilização como fonte hídrica e de matéria orgânica para a fertilização de plantas em cultivos agrícolas e/ou revegetação de áreas degradadas, como os próprios taludes dos aterros sanitários, entre outros.

No entanto, para a sua utilização, faz-se necessária a adoção de parâmetros bem definidos com relação à aplicação da dose do percolado em função da espécie vegetal cultivada, evitando impactos ambientais negativos.

Um experimento foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) para avaliar os efeitos da fertilização com percolado de aterro sanitário sobre a produção, o rendimento de óleo da mamona (Ricinus communis L.) e girassol (Helianthus annuus L.) e, ainda, nas propriedades físico-química dos solos. Os resultados dessa pesquisa indicam que os resíduos líquidos percolados dos aterros sanitários podem ser usados na fertirrigação das culturas da mamona e girassol desde que rigorosamente manejado para evitar efeitos negativos sobre o crescimento das plantas e, também, a polução dos solos cultivados. O uso do percolado favorece a destinação final desse resíduo líquido, além de economizar recursos hídricos de melhor qualidade, e, principalmente, gerando matéria-prima (biomassa e biocombustível) para fins energéticos, como o óleo para a produção de biodiesel.

O percolado, quando aplicado nos cultivos agrícolas de forma rigorosa e manejado adequadamente pode resultar em rendimento de cultivos economicamente aceitáveis, especialmente em ambientes árido e semiárido que sofrem problemas com escassez hídrica.

 A coluna O mundo que queremos é atualizada quinzenalmente às quintas-feiras. Leia, opine, compartilhe e curta. Use a hashtag #omundoquequeremos. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos email (redacao@nossaciencia.com.br).

Leia o texto anterior: Água de reuso e a produção agrícola familiar

Nildo da Silva Dias é Professor Associado da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa).

Nildo da Silva Dias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Site desenvolvido pela Interativa Digital