Um conto negacionista Ciência Nordestina

terça-feira, 26 novembro 2024
O conhecimento produzido pela humanidade que surgiu como salvação também mata.

O que acontece quando o negacionismo vence a ciência?

(Helinando Oliveira)

Imagine um planeta estranho e fictício em que o negacionismo conseguiu prevalecer. Com a tendência de negar a ciência, todas as nações abriram mão de fazer pesquisa para não concorrer com a única delas que já fazia isso há séculos.

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Com o tempo, estas nações viram que todas as soluções surgiam daquele único país que se manteve fazendo ciência (a terra dos sonhos). Este país vendia no preço e nas condições de um planeta em que não existia concorrência. E pior… A sua ciência estava focada apenas para os problemas que a afligia. Doenças típicas dos demais países eram chamadas de negligenciadas e para aqueles que não dispusessem de água e petróleo nem eram consideradas problema (água e petróleo eram as únicas moedas que interessavam neste planeta).

O sonho da classe média de todos os países dominados era fugir para o país da ciência e do desenvolvimento, não para estudar, mas para beber da água e comer dos frutos que eles mesmo colhiam e nunca puderam consumir.

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Foi quando um dos líderes mais espertos (o presidente a terra dos negócios) decidiu mandar seus jovens estudar no país da ciência, fazendo com que todos fossem imediatamente contratados ao retornar de seus estudos. Criou um super ministério da ciência e tecnologia e investiu muito dinheiro naquelas pessoas que poderiam construir soluções para os problemas da nação.

O conhecimento foi transformado em grandes empresas e todas as soluções passaram a ser vendidas por este segundo país, a potência emergente.

Logo foram criados dois lados, o das nações que defendiam a terra dos sonhos contra os que defendiam a terra dos negócios. E a guerra teve lugar bem longe dos dois grandes centros, para evitar perdas com destruição no parque industrial.

E morreram inocentes, mulheres e homens armados defendendo algo que eles nunca entenderiam o que significa. E tudo teve fim apocalíptico quando as armas nucleares foram disparadas de ambos os lados. 

Que triste fim tiveram os habitantes deste planeta estranho.

E que assustador perceber que nossa história pode ter o mesmo fim.

Vivemos dias terríveis e de insegurança em que não se sabe de onde sairá a primeira bomba nuclear. Sabemos que infelizmente ela não será a única.

E quando isso acontecer lembraremos que o conhecimento produzido pela humanidade que surgiu como salvação também mata.

Tristes tempos…

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Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciência

Helinando Oliveira

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