Transformando direitos em serviços: o apocalipse da ciência Ciência Nordestina

terça-feira, 31 outubro 2017

Para Helinando Oliveira a crise econômica que afeta a C&T brasileira mascara um plano neoliberal

A derrocada dos investimentos em ciência e tecnologia no Brasil vem sendo insistentemente atribuída à crise econômica, embora todos os fatos demonstrem que este argumento seja apenas uma máscara que esconde a real motivação do plano neoliberal.

Em uma sociedade em crise de identidade e de autoestima, a mídia assume papel de fundamental importância no enfraquecimento das classes. Este processo de convencimento e individualização da sociedade é continuo e depende de uma agenda de desqualificação dos serviços e órgãos públicos. E isto ocorre em associação à cultura de afastamento do cidadão comum da agenda política, ao tratar todos os seus representantes como “farinha do mesmo saco”.

Evidentemente que alguns destes políticos ainda representam risco à dita agenda neoliberal, sendo estes os maiores alvos de perseguição por uma imprensa parcial e manipuladora.

Como bem definido por Marilena Chauí, a agenda neoliberal tem por premissa a transformação de direitos em serviços. O trabalhador que não mais se reconhece trabalhador comemora a sua demissão, por ser esta a oportunidade de ascensão à categoria de empresário de si mesmo. E este empresário (sem direitos trabalhistas) sai às ruas para oferecer seus serviços, a partir de negociações das quais já estão subtraídas férias, decimo terceiro salário, FGTS, entre outros.

Nesta sociedade de informais (ou empresários de si mesmos), o empreendedorismo mascara o escravismo moderno, no qual o “trabalhador” livre decide dormir e acordar na casa do senhor do engenho para evitar o pagamento de aluguel.

E assim, a mão de obra do país atinge o seu custo mínimo, a formação educacional do povo atinge os mais baixos patamares e a dominação é irreversivelmente estabelecida.

O acesso à Universidade será novamente reservado aos filhos dos ricos, a pesquisa cientifica será restrita aos centros de pesquisa e desenvolvimento das grandes empresas (cujas sedes não estão no Brasil). Nossos problemas (a água contaminada, os agrotóxicos, a dengue, a zica) não serão investigados por nossos pesquisadores e portanto figurarão como verdadeiramente negligenciados por completa falta de interesse do mercado (outra face da dita agenda neoliberal).

Enfim seremos exportadores de matéria prima bruta e mão de obra barata para os fabricantes de bonés, sapatos e camisetas. Brasil, o quintal do mundo com um jardim experimental chamado Amazônia. Este foi o golpe, arquitetado pela mente doente de um cidadão do mundo chamado Neoliberalismo.

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Helinando Oliveira

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