Sputnik V Ciência Nordestina

terça-feira, 8 setembro 2020

A disputa tecnológica pela vacina vem demonstrando que as nações que investem em ciência têm condição de responder rapidamente às piores adversidades

O nome da vacina russa contra a covid-19 já demonstra o que é a versão para o século XXI da antiga guerra espacial. As superpotências substituíram o solo lunar por uma causa que interessa a cada habitante do planeta – todos aguardamos ansiosos pela vacina.

Várias críticas foram lançadas contra a vacina russa pelo aparente baixo numero de testes feitos pelos pesquisadores russos, o que acirra ainda mais a disputa bilionária que circunda a causa.

Todavia, a primeira grande evidência científica favorável à vacina foi publicada recentemente na revista The Lancet e apresenta um norte muito promissor para a vacinação em massa de toda a população.

Segundo os pesquisadores russos, esta publicação representa a primeira parte de um conjunto de dados que devem ser submetidos em breve, tratando dos testes com animais e em seguida pelos testes clínicos em mais de 40 mil voluntários. A grande vantagem da vacina russa vem pelo nível de anticorpos induzidos nos vacinados, que pode chegar a 1,4 – 1,5 vezes maior do que os curados pela doença, o que é seguido pelo desenvolvimento da imunidade celular T que permite a destruição dos vírus após a infecção celular.

Para atingir resultados tão expressivos, os pesquisadores utilizaram dois tipos diferentes de adenovírus sob forma de vacinação dupla.

Ao que parece, a estratégia russa é a que deve chegar mais rapidamente à população com perspectiva de ofertas ainda em 2020.

A disputa tecnológica pela vacina vem demonstrando que as nações que investem em ciência têm condição de responder de forma incrivelmente rápida às piores adversidades. Seria impossível imaginar esta velocidade de resposta em dezembro de 2019, por exemplo.

Por aqui, continuamos na torcida de que as vacinas (de qualquer que seja a nação) cheguem a todo o planeta, que demonstrou mais uma vez ser uma grande aldeia sem fronteiras.

É importante sempre lembrar que algum novo normal só passa a existir quando a vacinação em massa for consolidada. Até lá, qualquer tentativa será apenas no sentido de colocar a população em risco.

E quanto à ciência brasileira, uma grande oportunidade que se segue para além da pandemia vem do desenvolvimento de sistemas de detecção de contaminações virais e bacterianas, colocando a barreira de máscaras e roupas como importante aliado no monitoramento destes inimigos da humanidade.

Referência:

Revista The Lancet

A coluna Ciência Nordestina é atualizada às terças-feiras. Leia, opine, compartilhe e curta. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos email (redacao@nossaciencia.com.br). Use a hashtag CiênciaNordestina.

Leia o texto anterior: Quando o petróleo acabar …

Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).

Helinando Oliveira

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Site desenvolvido pela Interativa Digital