A guerra na Síria completa 7 anos nesta semana e diante da complexidade dos fatos que envolvem o conflito, poucas pessoas entendem o que acontece no país
No princípio era o povo que reclamava contra os altos índices de desemprego, a corrupção e o cerceamento aos direitos políticos… Jovens torturados por pichar muros. E veio a primavera árabe que alimentou sonhos. Em 2011, centenas de milhares de sírios saíram às ruas contra o governo. A repressão contra os manifestantes aumentava cada vez mais…
Grupos de rebeldes passaram a se armar de forma a delimitar seus espaços contra avanços do governo. A partir de então, a guerra civil passou a ser chamada de guerra contra o terrorismo. E no grupo de terroristas estava todo o povo. Evidentemente que este termo é chave para convocar forças militares externas para dentro de casa.
Não havia batalha apenas entre os rebeldes e as tropas do governo: a luta também era travada entre os sunitas e xiitas, o que promoveu a chegada do Estado Islâmico que passou a lutar contra os rebeldes e jihadistas ligados à al-Qaeda.
Contornos dramáticos a esta guerra vieram dos ataques aéreos vindo dos aliados dos curdos e das forças fiéis ao governo, que concentraram seus ataques em Aleppo.
Além de Estados Unidos e Rússia, outros países também demonstraram interesse em intervir no conflito, como o Irã, de onde vieram as tropas do Hezbollah.
A favor dos rebeldes sírios estavam a Arábia Saudita, Catar e Jordânia.
Dentro deste caldeirão de violência estão as mulheres, homens e crianças: muitas crianças. Ao invés de presos em holocaustos, eles estão soltos entre as ruínas dos prédios sem luz, água ou esperança.
O sofrimento sírio tem requintes de crueldade, com ataques de gás sarin, mísseis Tomahawk, bombas e fuzis para todos os lados.
É estimado que uma criança morra a cada hora na Síria (dados de 2018). Em Ghouta oriental – desde 2013 já são contabilizadas a morte de 200,000 crianças, dados do Unicef.
E intervenção externa (seja ela de onde for) acontece no sentido de colocar ainda mais fogo neste tanque de combustível. Ao invés de comida, água, carinho e proteção, as crianças recebem em suas cabeças milhões de dólares em bombas.
Em um século em que as notícias correm o mundo na velocidade da internet e que cada pessoa é o repórter de sua realidade, vivemos a inaceitável condição de consentimento à tortura humana.
Por petróleo, rotas e acessos, os holocaustos modernos retomam sua sina e são transmitidos 24 horas por dia.
E mesmo assim as pessoas muito pouco entendem sobre o que acontece na Síria. A mídia, com papel alienador, estabelece pautas amenas que contribuem com a indiferença de todo o planeta para com as pobres, indefesas e inocentes crianças sírias. Em uma foto que correu as redes sociais, uma pobre criança fecha os olhos de sua boneca diante do que vê. Outra confunde uma câmera fotográfica e faz sinal de rendição… Quem, no planeta, está de fato, preocupado em protegê-las?
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Helinando Oliveira
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