Síria Ciência Nordestina

terça-feira, 13 março 2018
Foto: Agência Reuters

A guerra na Síria completa 7 anos nesta semana e diante da complexidade dos fatos que envolvem o conflito, poucas pessoas entendem o que acontece no país

No princípio era o povo que reclamava contra os altos índices de desemprego, a corrupção e o cerceamento aos direitos políticos… Jovens torturados por pichar muros. E veio a primavera árabe que alimentou sonhos. Em 2011, centenas de milhares de sírios saíram às ruas contra o governo. A repressão contra os manifestantes aumentava cada vez mais…

Grupos de rebeldes passaram a se armar de forma a delimitar seus espaços contra avanços do governo. A partir de então, a guerra civil passou a ser chamada de guerra contra o terrorismo. E no grupo de terroristas estava todo o povo. Evidentemente que este termo é chave para convocar forças militares externas para dentro de casa.

Não havia batalha apenas entre os rebeldes e as tropas do governo: a luta também era travada entre os sunitas e xiitas, o que promoveu a chegada do Estado Islâmico que passou a lutar contra os rebeldes e jihadistas ligados à al-Qaeda.

Contornos dramáticos a esta guerra vieram dos ataques aéreos vindo dos aliados dos curdos e das forças fiéis ao governo, que concentraram seus ataques em Aleppo.

Além de Estados Unidos e Rússia, outros países também demonstraram interesse em intervir no conflito, como o Irã, de onde vieram as tropas do Hezbollah.

A favor dos rebeldes sírios estavam a Arábia Saudita, Catar e Jordânia.

Dentro deste caldeirão de violência estão as mulheres, homens e crianças: muitas crianças. Ao invés de presos em holocaustos, eles estão soltos entre as ruínas dos prédios sem luz, água ou esperança.

O sofrimento sírio tem requintes de crueldade, com ataques de gás sarin, mísseis Tomahawk, bombas e fuzis para todos os lados.

É estimado que uma criança morra a cada hora na Síria (dados de 2018). Em Ghouta oriental – desde 2013 já são contabilizadas a morte de 200,000 crianças, dados do Unicef.

E intervenção externa (seja ela de onde for) acontece no sentido de colocar ainda mais fogo neste tanque de combustível. Ao invés de comida, água, carinho e proteção, as crianças recebem em suas cabeças milhões de dólares em bombas.

Em um século em que as notícias correm o mundo na velocidade da internet e que cada pessoa é o repórter de sua realidade, vivemos a inaceitável condição de consentimento à tortura humana.

Por petróleo, rotas e acessos, os holocaustos modernos retomam sua sina e são transmitidos 24 horas por dia.

E mesmo assim as pessoas muito pouco entendem sobre o que acontece na Síria. A mídia, com papel alienador, estabelece pautas amenas que contribuem com a indiferença de todo o planeta para com as pobres, indefesas e inocentes crianças sírias. Em uma foto que correu as redes sociais, uma pobre criança fecha os olhos de sua boneca diante do que vê. Outra confunde uma câmera fotográfica e faz sinal de rendição… Quem, no planeta, está de fato, preocupado em protegê-las?

A coluna Ciência Nordestina é atualizada às terças-feiras. Leia, opine, compartilhe e curta. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos email (redacao@nossaciencia.com.br). Use a hashtag CiênciaNordestina.

Leia aqui o texto anterior: Tuiuti

Helinando Oliveira

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Site desenvolvido pela Interativa Digital