Nova coluna debate importância de ações voltadas para o crescimento e desenvolvimento econômico e social da Paraíba e do Nordeste
Agradecemos ao honroso convite que nos foi endereçado pelo portal Nossa Ciência para escrevermos quinzenalmente temas que abordem o ambiente de inovação e o seu impacto sobre o desenvolvimento econômico e social do Nordeste e, em particular, do Estado da Paraíba. Trata-se de uma iniciativa que dará oportunidades para o debate sobre a importância, as implicações e o aprofundamento de ações voltadas para o crescimento e desenvolvimento econômico e social regional e local.
A base teórica dos temas tem sua fundamentação nas teorias do economista austríaco Joseph Alois Schumpeter (1883 – 1950) que enfatiza a compreensão do que viria a ser o sistema capitalista sob a ótica da produtividade e melhoria do bem estar social. Aqui reside a origem do nome dessa coluna “DESTRUIÇÃO CRIATIVA” uma merecida homenagem a esse pensador que analisou em profundidade a lógica e a dinâmica do sistema capitalista.
Assim como Karl Marx, Schumpeter entende o capitalismo como um processo evolutivo, ou seja, nunca se apresenta estacionário. Ele indicou o caminho que o sistema de produção capitalista se afirmou como um método de transformação econômica: o seu ponto de partida é a teoria da inovação.
Para Schumpeter, a explicação para o capitalismo apresentar um comportamento não estacionário reside na necessidade constante de se introduzir novos bens de consumo, novos métodos de produção, abertura de novos mercados ou de uma nova fonte de matérias primas e até novas formas de organização industrial. Esse processo de destruição criativa “revoluciona incessantemente a estrutura econômica de dentro para fora, destruindo incessantemente a antiga, criando incessantemente a nova.” É um fenômeno qualitativamente novo rompendo com o comportamento estacionário.
A ideia primordial dessa teoria estava na substituição de uma teoria estática, reinante na economia da época, e substituir por uma teoria dinâmica que respondesse as necessidades de estruturas de mercados oligopolizados. Ou seja, Schumpeter foi de encontro aos expoentes da economia da época amarrados a uma “idade de ouro da concorrência perfeita inteiramente imaginária” e não conseguiam ver a disseminação de estruturas monopolistas na economia, a era dos grandes conglomerados e do “vendaval perene de destruição criativa”.
O processo da destruição criativa constitui o impulso fundamental que inicia e mantém o movimento da máquina capitalista e a ela deve se acomodar toda empresa para sobreviver. À medida que ocorre o sucateamento de velhos processos de produção e a introdução de novos produtos faz surgir novos hábitos comportamentais de tempos em tempos. Ocorre a revitalização das atividades produtivas tradicionais e abrem-se novas oportunidades para o crescimento econômico com a abertura de novos mercados e empregos.
O capitalismo passa a ser visto dentro de uma perspectiva não só dentro do seu potencial de crescimento da riqueza material, mas também, com a capacidade de criar e destruir estruturas estabelecidas.
Nessa sociedade existe um agente especial, que participa de um subgrupo dos produtores, denominado de Empresário Inovador. A sua função é inserir as inovações tecnológicas no sistema produtivo na expectativa de auferir lucros extraordinários. Ele é o agente do processo de destruição criativa. Portanto ele corre riscos, por ter certeza que terá êxito no mercado e é nesse sentido que ele se torna o motor das transformações econômicas.
Se for exitoso no mercado deverá ser seguido por seus concorrentes, gerando um fluxo de inovações que dinamizará a economia. Porém, para correr riscos os empresários inovadores necessitam de algumas garantias. Essas garantias são pré-requisitos para o desenvolvimento econômico e Schumpeter destaca as principais: pré acumulação para o crescimento em escala, estratégia para ampliação de mercados, crédito industrial e crescimento das firmas e capital financeiro consolidando o modelo industrial.
Schumpeter foi professor de várias universidades como Bonn, Harvard e Viena, escreveu mais de 30 livros, destacando-se:
– Teoria do Desenvolvimento Econômico, publicado em 1911, com ênfase sobre o empresário inovador;
– Ciclo de Negócios e Evolução do Capitalismo, data do ano de 1939, aborda a inovação como a causa única e endógena dos principais ciclos econômicos;
– Capitalismo, Socialismo e Democracia, lançado em 1942, enfoca as grandes empresas com seus laboratórios de pesquisa e desenvolvimento (P&D);
– História da Análise Econômica, publicada postumamente em 1954.
Fundamentado nestas obras e no desenvolvimento posterior do seu arcabouço teórico, como as contribuições dos neoschumpeterianos, procuraremos fundamentar as discussões aqui sugeridas.
Referência:
Schumpeter, Joseph Alois. Capitalismo, Socialismo e Democracia. São Paulo: Editora da Unesp, 2017.
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Leia outro texto dos mesmos autores: Lições do processo de patenteamento na UFCG
Vaneide Ferreira Lopes é pesquisadora e Líder do Grupo Inovação, Tecnologia e Projetos na Paraiba (GiTecPB) e Carlos Alberto da Silva é professor titular da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Líder do Laboratório de Pesquisas em Economia Aplicada e Engenharia de Produção (Lapea).
Vaneide Ferreira Lopes e Carlos Alberto da Silva
Bom dia ! É necessário desconstruir pensamento de que o povo nordestino é dependente de bolsa família. Abraço, Rosemberg brasilense com raizes campinense.
O mundo muda cada vez mais rapidamente. As verdades de ontem são impensáveis hoje.
Até que ponto se deve deixar o “bolo” crescer, até que seja repartido?
Só há dois tipos que crescem em paralelo, em número.
Bilionários e pobres.
Artigo muito interessante sobre o desenvolvimento econômico do nosso estado e do Nordeste como um todo dentro das perspectivas mostradas por grandes escritores e professores. Parabéns a todos envolvidos nessa obra.
Parabéns Vaneide e Carlos
Schumpeter é um espetacular referencial para compreendermos como as economias se inserem no processo de desenvolvimento. Destruição Criativa, umprocesso necessário.
Schumpeter é um espetacular referencial para compreendermos como as economias se inserem no processo de desenvolvimento. Destruição Criativa, umprocesso necessário.
Excelente artigo, sucinto, direto e didático. Obrigado professores por nos enriquecer com tal duscurção.
Schumpeter é um dos meus autores preferidos
O trabalho de divulgação científica é uma iniciativa de grande importância, pois aproxima o conhecimento produzido na universidade dos atores sociais estratégicos. A temática que acompanharemos a partir de agora, ciência e inovação, é o ponto fundamental a ser discutido num país que ainda não conseguiu articular, eficientemente, esses dois elementos. Parabéns ao site e aos autores!
Prezado Rodorval,
A equipe do Nossa Ciência agradece por sua mensagem. Realmente, a divulgação científica é fundamental e precisamos dos nossos leitores para ampliar nosso alcance. O compartilhamento do nosso conteúdo por meio das redes sociais é uma boa contribuição.
Abraços.
Ótimo artigo! Conseguiram extrair a essência do pensamento de schumpeter, que tem muito do raciocínio de Marx, e traze-lo a vanguarda do capitalismo moderno brasileiro, na figura do empreendedorismo. Parabéns aos Mestres
Parabéns Carlos e Vaneide excelente discussão sobre a importância da inovação, a produção e o desenvolvimento regional. Sucesso, aguardo novas discussões.
Parabéns aos professores Vaneide e Carlos!
Sumário do pensamento do profeta da inovação.
Sempre considerei a destruição criativa o sangue da inovação, adubo do Mercado.
Agradeço a ambos pela síntese e leveza de escrita.