Robótica e o ensino de física Ciência Nordestina

terça-feira, 16 julho 2019

Para tornar essa fusão realidade é fundamental formar mais professores de física

Sempre que posso, durante as palestras que ministro em escolas públicas, faço uma pergunta básica aos estudantes: vocês gostam de física? O que é física para você?

Como resposta (quase sempre), a imensa maioria dos presentes afirma não gostar de física. Eles entendem que física tem a ver com exatidão, lançamento de coisas, queda de corpos… Nada muito interessante.

No sentido oposto, o interesse dos jovens por robótica é muito grande. Na maioria das vezes, esta é a aula mais desejada da semana (quando a escola dispõe de infraestrutura para tal).

Ao confrontar estas realidades, pergunto: onde erramos? A resposta parece ser óbvia – na escassez de professores de física. Professores de biologia e matemática podem ter ótimos laboratórios de física à sua disposição …. Todavia, eles não são professores de física. Eles podem nunca ter montando uma prática de eletromagnetismo, nem tão pouco usado um multímetro.

Foto: MEC

A física pode e deve chegar até as crianças a partir da robótica. Todos amam montar robôs e fazer carrinhos andarem. E isso é física. Desenhar gráficos em papel milimetrado pode ser chato (e sabemos que é). Mas se for para traçar a resposta de um experimento montado pelos estudantes… Todos concordam, é bom demais.

E se ao invés de uma prova, for uma olimpíada na escola… Faz toda a diferença.

Para tornar realidade esta fusão entre robótica e física é fundamental formar mais professores de física e fortalecer o corpo docente com iniciativas como o mestrado nacional profissional de ensino em física. É fato que a vida de professor não é fácil (o Brasil poderia reconhecer isto, valorizando a categoria) – a rotina massacrante de muitas e repetidas aulas pode apagar o mais otimista dos professores. E neste interim, as pós-graduações são verdadeiros oásis nos quais os profissionais recarregam suas baterias e retornam muito mais motivados para alimentar os sonhos dos jovens.

A integração entre robótica e física, neste sentido, passa a ser uma grande aliada na concepção dos futuros engenheiros do Brasil. Sem os recorrentes traumas vindos do ensino médio, a ligação entre a física e a engenharia se torna muito mais suave. Não haverá necessidade de mostrar aos estudantes que física é bem mais que ver maçãs caindo ou pedras sendo arremessadas a trinta graus da horizontal… Eles já entenderão que toda a evolução tecnológica vem da ciência básica… E isso tornará o espaço dos laboratórios de física experimental algo muito mais prazeroso do que a junção da superfície fria do quadro e o riscar insosso do pincel.

A robótica e a programação são o sal que torna a física e, também, a engenharia muito mais atrativa aos jovens.

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Leia o texto anterior: Podcast Ciência Nordestina

Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).

Helinando Oliveira

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