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sexta-feira, 5 janeiro 2018
Radiotelescópios

O céu da radioastronomia é diferente do céu ótico. As fontes de rádio no espaço não aparecem como fontes de luz, mas como regiões, abrindo nossa mente para um universo multicolorido e em múltiplas frequências.

Galileu aplicou sua luneta à Astronomia, e Herschel ampliou ainda mais suas observações quando criou o primeiro telescópio moderno. No século XIX finalmente compreendeu-se que muitas daquelas manchas pálidas vistas ao telescópio eram galáxias, ilhas com centenas de bilhões de estrelas.

Mas até aí as observações eram sempre óticas, aproveitando a luz visível dos astros, aquela que percebemos com nossos próprios olhos. Porém os nossos sentidos são muito limitados para investigar a natureza – e os astros emitem “luzes” que não podemos ver naturalmente. É onde entra a radioastronomia.

Sinais do espaço

Constelação de Sagitário. (Foto: Google imagens)

Em 1930 Karl Jansky estava sondando interferências de rádio geradas por distúrbios atmosféricos, quando notou que havia um distúrbio fraco, mas persistente, que vinha de muito acima das nuvens de tempestade.

Sua origem era a constelação de Sagitário, a 25.000 anos de viagem, se você fosse até lá na velocidade da luz (a 300.000 quilômetros por segundo, sem parar).

As fontes de rádio no espaço não aparecem como pontos de luz, como as estrelas, mas como regiões, e sempre acusando fenômenos estranhos, não raras vezes espetaculares, como explosões de estrelas, colisões de galáxias ou nuvens de gás em redemoinhos gigantes.

É incrível como o céu da radioastronomia difere do céu ótico. Para nós, o Sol brilha mais que qualquer objeto no céu, mas para a radioastronomia a parte mais luminosa do firmamento está ao longo da Via Láctea.

Via Láctea. (Foto: Google imagens).

Ela é dez vezes mais brilhante que o Sol e, ao contrário deste, não tem uma intensidade constante, além de possuir uma forma oval em vez de circular.

Para perceber tudo isso os astrônomos não podem usar os telescópios comuns, tubos de metal com lentes e espelhos côncavos, mas gigantescas antenas parabólicas – quanto maior melhor. Instaladas na Terra, essas antenas estão limitadas às microondas, as únicas que conseguem atravessar facilmente nossa atmosfera.

Quando mantida com uma orientação fixa em relação ao solo, a antena varrerá o espaço à medida que a Terra gira. Mas quando estão acima da atmosfera, montadas em satélites ou estações espaciais, essas mesmas antenas não têm limitação de freqüência ou orientação.

A maior parte dos sinais vindos do espaço está na forma de ruído branco, similar ao gerado por um receptor de rádio fora de estação.

Feito em casa

Na verdade, se você ligar um televisor numa antena comum e não sintonizar nenhum canal, parte do ruído que verá na tela estará vindo diretamente do espaço. Uma TV “fora do ar” registra alguns dos sinais que os radiotelescópios conseguem captar.

Mas afinal o que são essas ondas de rádio que vêm do espaço? A Física prevê que qualquer corpo com temperatura acima do zero Kelvin (-273,6ºC) emite radiação eletromagnética. O Sol, por exemplo, que possui uma temperatura superficial de 5.800 Kelvin, emite radiações em todos os comprimentos de onda.

De modo geral corpos quentes emitem comprimentos de onda mais curtos, como o azul ou o violeta, enquanto os mais frios tendem a emitir radiação em longos comprimentos de onda, próximos do vermelho (e é por isso que instrumentos que captam a chamada radiação infravermelha são usados para visão noturna, quando nossos olhos não conseguem mais receber a luz refletida pelos objetos).

A radioastronomia abre nossa mente para um universo multicolorido e em múltiplas freqüências. Mas para entender sua nova linguagem, devemos saber enxergar o invisível aos nossos olhos.

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Conheça o colunista

 

José Roberto de Vasconcelos Costa, de Astronomia no Zênite - www.zenite.nu

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