Um livro é um brinquedo feito com letras. Ler é brincar!
(Helinando Oliveira)
Nesta terça-feira (29 de outubro) comemora-se o Dia Nacional do Livro. Foi neste dia, no ano de 1810, que foi fundada a Biblioteca Nacional do Brasil (RJ) como resultado da transferência da Real Biblioteca Portuguesa para a colônia.
Talvez a data pudesse trazer lembranças mais brasileiras do que uma simples mudança de endereço, reflexos de uma colonização. Que sorte se tivéssemos também bibliotecas com obras de nossos ancestrais indígenas e que todas as memórias não fossem apagadas com a partida dos mais velhos, pois o livro é, por definição, uma máquina de construiur seres imortais, daquelas em que o autor se torna eterno não só por sua história, mas por todos os personagens reais e imaginários e todas as suas passagens reais ou fictícias, que se multiplicam nas memórias de quem as lê.
Como definira Rubem Alves: “- Um livro é um brinquedo feito com letras. Ler é brincar!”. E esta viagem desliga tempo e espaço e nos leva a mundos nunca conhecidos, mesmo que não saiamos do lugar. A epopéia humana que saiu do papiro, passou pelo pergaminho, papel e que chega nas telas de kindle manteve intacta a necessidade de registrar e dar vida a tudo aquilo que habita em nossas mentes.
Mesmo em tempos de redes sociais e suas superficialidades, com mensagens que se resumem a títulos de poucos caracteres, esta geração há de se render ao velho e bom hábito da leitura, tão massacrado pela avalanche de conteúdo de toda a natureza.
Como protótipo de escritor, comungo com as ideias do gênio Rubem Alves e me arrisco a dizer que escrever é criar universos paralelos de entretenimento que permitem com que a imaginação de cada leitor decore a cena e contemple um horizonte de novas e importantes mundos que se refazem.
E nessa estrutura quase orgânica que a imaginação se encarrega de fazer, obras do passado parecem estar sendo escritas agora, transmutadas de realidade, pois são atemporais. Como não citar ”Olhai os lírios do campo” de Erico Veríssimo ou “O Universo em uma Casca de Noz” de Stephen Hawking dado o tamanho de suas influências em minha formação? Como não sentir a textura das folhas e o sabor do café entre uma página e outra? Este é o prazer do bom e velho livro físico, de papel, que é sublinhado nas passagens mais marcantes e que se transforma a cada nova leitura em algo pessoal, quase íntimo.
Que tal começar a ler um novo livro hoje? Sem pressa, ao sabor da ligação doce de palavras bem encaixadas em uma canção que soa suave aos ouvidos.
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Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciência
Helinando Oliveira
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