Quase 25% do Ceará com nível excepcional de seca SCIARÁ

quarta-feira, 13 dezembro 2017
Mapas do Monitor de Secas do Nordeste de julho e outubro de 2017. Fonte: ANA

Quase todo território cearense fica em clima semi-árido, atualmente estima-se que 11,45% já está praticamente infértil e as previsões não são nada animadoras.

Setembro passou / Outubro e novembro / Já tamo em dezembro / Meu Deus, que é de nós, / Meu Deus, meu Deus / Assim fala o pobre / Do seco Nordeste / Com medo da peste / Da fome feroz

Os versos de Patativa do Assaré, eternizados na voz de Luiz Gonzaga, cantam a realidade do interior cearense. Em quatro meses consecutivos, o nível excepcional de seca, o mais severo, expandiu-se pelo Estado. Em setembro, o mapa do Monitor de Secas do Nordeste apontava 10,75% do território cearense com seca excepcional. Já em outubro, o número subiu para 24,61%, enquanto nos meses de julho e agosto, era de 0,01% e 5,28%, respectivamente.

Cariri, Sertão Central e Inhamuns são as regiões mais afetadas. Raul Fritz, supervisor da unidade de Tempo e Clima da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), explica que uma das causas é a baixa incidência de chuvas nesse período do ano.

Em dezembro, se as chuvas da pré-estação cearense ocorrerem em torno da normal climatológica, a situação deve ser amenizada no sul do Estado, sobretudo no Cariri. Fritz ressalta, no entanto, que essas chuvas são previstas apenas em curto prazo.

Na última semana, o jornal O POVO publicou uma série de textos sobre o avanço da seca no Estado. Estima-se que 11,45% do território cearense já estão praticamente inférteis e que a tendência é piorar.

Em entrevista ao jornal, a pesquisadora Vládia Pinto Vidal de Oliveira, coordenadora do Laboratório de Pedologia, Análise Geoambiental e Desertificação da Universidade Federal do Ceará (UFC), explicou que cerca de 90% do território cearense estão sob o clima semiárido. O sistema de criação extensiva de gado contribui para impulsionar processos erosivos que são fortes nesse clima. Desmatamentos, queimadas, extrativismo, pecuária extensiva, irrigações mal conduzidas também são fatores relevantes para o aceleramento do processo de desertificação.

O secretário do Meio Ambiente no Ceará, Artur Bruno, informou ao jornal que o Plano Estadual de Mudanças Climáticas deve conter metas e ações direcionadas para o combate à desertificação, mas não divulgou o prazo de entrega do documento.

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Giselle Soares com informações da Funceme e do jornal O Povo

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