Quando o petróleo acabar… Ciência Nordestina

terça-feira, 1 setembro 2020
Pesquisas com a alga Chlorella pyrenoidosa estudam a geração de energia via fotossíntese.

Um dos caminhos da ciência para a descoberta de novos combustíveis passa pela fotossíntese das algas

A humanidade está prestes a vivenciar o declínio da era do petróleo, o que pode deslocar o eixo de impérios montados sobre tão caro e raro líquido. E a ciência, como de costume, precisa se antecipar a isso e descobrir alternativas que permitam com que essa transição não seja tão brusca.

De forma geral, o que tem se observado é uma busca por “colheita de energia” em um processo que faz das pessoas pequenas usinas de geração de energia. Assim sendo, a diferença de temperatura no casaco ou o atrito do solado do sapato contra o chão podem ser fontes preciosas de energia.

Outra vertente tem sido a busca por otimização em processos naturais, como reações em células de leveduras e bactérias ou mesmo em reações de fotossíntese. Em um artigo recente publicado na Science Advances, é desenvolvida um estratégia para regular artificialmente a taxa com que se tem a fotossíntese em algas.

Com isso, as algas Chlorella pyrenoidosa são recobertas com um polímero poli (boro-dipirrometeno-co-fluoreno) que melhora a absorção de luz verde e aumenta a velocidade do processo de fotossíntese das algas. Os autores mostraram que a transferência de elétrons aumenta em 120%. E como esta taxa é a própria corrente elétrica (quando aproveitada adequadamente) se tem uma melhoria expressiva na capacidade de geração de energia via fotossíntese. Estes resultados são importantes setas que apontam em direção a soluções híbridas (sintético/ natural) para novos biocombustíveis.

Afinal, já esperávamos que no futuro tivéssemos carros totalmente elétricos  – com células solares e carregamento por atrito dos pneus no chão. O que temos para o momento é a possibilidade de que ao invés das bombas de combustível teremos reservatórios com algas. Ao invés de queimar petróleo, iremos promover a fotossíntese nos reatores biológicos de nossos tanques.

Que pena que tivemos de queimar todo o petróleo do planeta e passar por tantas guerras para chegar a conclusão de que poderíamos fazer muito mais sem ter quer contaminar tudo.

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Referência:

Xin Zhou et al. Artificial regulation of state transition for augmenting plant photosynthesis using synthetic light-harvesting polymer materials, Science Advances (2020). DOI: 10.1126/sciadv.abc5237

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Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).

Helinando Oliveira

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