Pra que serve a Astronomia? #HojeÉDiadeCiência

quinta-feira, 31 agosto 2017

Saiba um pouco mais sobre a mais antiga entre todas as ciências

Conheça o mestre em Ensino de Ciências, José Roberto Costa, que a partir de hoje conduzirá a coluna #HojeÉDiadeCiênciaLeia a entrevista .  

Ela é muitas vezes reconhecida como a mais antiga entre todas as ciências. Observar o céu estrelado tem sido muito mais que uma fonte de inspiração. O movimento dos corpos celestes revela-se periódico e por isso tem sido associado às variações do clima da Terra.

Desde os tempos mais remotos, contemplar o firmamento era como assistir ao movimento de um imenso relógio, de extraordinária precisão, cujo mecanismo era preciso conhecer e dominar.

Filha do tempo

A sucessão dos dias e das noites permitiu uma das primeiras contagens de tempo. A presença de certos grupos de estrelas no céu passou a indicar os períodos de seca e chuva e, portanto, a época adequada ao plantio e à colheita.

A posição do Sol no horizonte ao longo do ano ajudou-nos a compreender as estações e o comprimento de sombras chegou a ser suficiente para medir o tamanho da própria Terra.

A Lua, com suas fases, sugeriu os períodos mensais e semanais e explicou o ciclo das marés. Da ocasião adequada para o corte das madeiras ao ciclo menstrual da mulher, inúmeros foram os fenômenos cuja periodicidade foi associada a dos eventos celestes.

Se não pudéssemos contemplar uma noite estrelada, provavelmente também não teríamos conseguido nos aventurar pelos mares. As constelações guiaram navegantes chineses e ocidentais durante séculos.

Na sua busca de desvendar as complexas engrenagens dos movimentos celestes, o gênio humano foi criando novas ferramentas para entender a natureza.

Sem Astronomia não conheceríamos as Leis de Newton. E foi a Mecânica Celeste quem inspirou o surgimento do cálculo diferencial e integral, utilizado hoje em meios tão diversos quanto a Medicina, Engenharia e Economia.

Em tempos recentes a exploração do espaço não apenas aumentou nosso conhecimento sobre o Universo, como também não cessaram os benefícios obtidos por tais conquistas.

O empreendimento necessário para lançar um satélite ou uma nave tripulada trouxe ao nosso dia a dia a tecnologia dos microprocessadores, das vestimentas térmicas que protegem bombeiros e salvam a vida de bebês prematuros e o desenvolvimento de novos métodos de análises clínicas, entre tantos outros.

Ciência pura

Ainda que nenhuma aplicação prática pudesse ser citada, o simples conhecimento por trás de um fenômeno em um corpo celeste a milhares de anos-luz da Terra – e que talvez nunca um homem possa observar diretamente – traduz-se na importância da pesquisa básica para a aventura humana neste planeta. E sem a pesquisa básica nenhuma aplicação de um conhecimento pode ser melhorada.

Quando Michel Faraday realizou suas primeiras experiências com a geração de corrente elétrica no século passado, ninguém, nem mesmo ele próprio sabia para que poderiam ser úteis.

O mesmo aconteceu com os estudos de Maxwell, que são a base das aplicações contemporâneas em telecomunicações. Não há como prever se o resultado da pesquisa básica de hoje terá ou não uma finalidade prática no futuro.

Em ciência não faz sentido considerar apenas o investimento em pesquisas que gerem aplicações imediatas. E um país que não faz pesquisa básica está condenado a nunca se superar.

A Astronomia descortina o maior dos palcos para a aventura humana neste novo milênio. Se vamos interpretar um épico ou uma tragédia só depende de nós.

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