Passado sustentável Ciência Nordestina

terça-feira, 3 setembro 2024
Aquela garrafinha de água, usada apenas uma vez, levará 600 anos para sumir do planeta

A humanidade precisa reconhecer seus erros e dar passos atrás quando necessário

O texto trata das mudanças vividas pela geração dos 40 anos, que presenciou a transição de práticas sustentáveis para o uso excessivo de plástico, impactando o meio ambiente. Reflete também acerca da necessidade urgente de repensar nossos hábitos, abandonar o plástico e reduzir a dependência tecnológica para preservar o planeta e a saúde mental.

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A coluna de hoje segue especialmente dedicada para os maiores de 40 anos, que logo entenderão a razão, visto que essa foi uma geração que viveu uma transição muito devastadora. Como não recordar as idas à padaria e o espetáculo que era ver o padeiro embalando o pão com barbante? Eu achava aquilo melhor que circo. Uma folha de papel madeira, quatro pães e de repente… Tudo embalado. E o que falar daquelas bolsas de palha que nossos pais levavam para feira e retornavam verdinhas com as folhas de coentro e alface balançando. Já havia refri, claro. Mas em garrafa de vidro. Aliás, até os garrafões de 20 litros de água mineral eram de vidro. O conhecimento estava nas bibliotecas, impressos no papel.

A tecnologia fez com que tudo isso fosse apenas passado em tão pouco tempo. E inundou o planeta de lixo plástico. Na padaria, supermercado e em todo o canto são as bolsas plásticas, copos e garrafas pet que dominam. E contrariamente ao que se esperava, essa evolução não nos fez nenhum bem aparente. Aquela garrafinha de 150 mL de água que você tomou em um dia destes, levará 600 anos para sumir do planeta. Enquanto isso, ela circulará pelos rios e mares, sufocará animais marinhos, e ao mesmo tempo, estará dentro de você sob forma de microplástico, afetará sua saúde e destruirá o planeta.

Ninguém se olha nos olhos

Quanto ao conhecimento, agora ele está nas nuvens cibernéticas. Não precisamos mais do papel. Todavia, a quantidade de informação que nos bombardeia é tamanha que tem afetado a saúde mental de todos nós. Como imaginaríamos 30 anos atrás ver uma família sentada ao redor de uma mesa e não trocar uma palavra? Pior que isso, ser controlada por uma telinha brilhante que pisca sob seus olhos?

A humanidade precisa reconhecer seus erros e dar passos atrás quando necessário. Não digo que precisaríamos voltar a embalar o pão com papel madeira, mas sim por algo que não seja tão agressivo ao meio ambiente como o plástico. Já passamos da hora de abandonar o plástico de nossas práticas e dar um fim ao monte de lixo que geramos nas últimas décadas. Precisamos desligar os aparelhos celulares e vivermos sem sua dominação. O aquecimento global é real e requer uma mudança imediata de comportamento por parte de todos nós e não apenas por nós. Mas também, e principalmente, por aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de viver neste milagre chamado planeta Terra.

Leia o texto anterior: Acesso aberto a publicações científicas

Helinando Oliveira é Professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciências

Helinando Oliveira

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