Em tempos de redes sociais, desconfiar das notícias (e checar a fonte) antes de propagá-las é um mantra mais que necessário. Tem que ser tão obrigatório quanto escovar os dentes.
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Vivemos sob intenso bombardeio de informação. Em tempos de redes sociais, o grupo “das tias” pode ser a pior das fontes, pois é neste espaço que proliferam as fake news. Desconfiar das notícias antes de propagá-las é um mantra mais que necessário. Saber onde estão os veículos de comunicação com credibilidade e os sites que averiguam informações falsas é também importantíssimo.
Na coluna de hoje provocamos o leitor perguntando onde está o conhecimento. E obviamente que desde já excluímos todas as fontes falsas e maldosas. Uma resposta possível para a pergunta seria: nos centros de pesquisa, nas universidades. A resposta estaria correta. Mas provavelmente não totalmente completa. Hoje, o conhecimento está na internet. Quem souber separar o joio do trigo poderá beber desta fonte inesgotável de conhecimento que é alimentada diariamente por milhares de artigos científicos publicados ao redor de todo o planeta.
Quem pode divulgar a ciência?
A sequência da pergunta seria: quem pode divulgar a ciência? A resposta imediata seria “quem faz a ciência”. Vale refletir um pouco aqui: se o conteúdo está na internet, porque a resposta não seria “qualquer pessoa”?
Em uma palestra recente junto a um gestor do Instituto Serrapilheira, ouvi que os maiores divulgadores da ciência estão fora da academia. Informação chocante em um primeiro momento, mas totalmente justificável. Dentro das Universidades o foco é em outro tipo de divulgação: a publicação em periódicos de alto fator de impacto. Os pesquisadores que fazem divulgação científica são até vistos com um certo tom de preconceito. Em resumo, fazer divulgação na academia não é tão simples assim.
Quem souber separar o joio do trigo poderá beber desta fonte inesgotável de conhecimento que é alimentada diariamente por milhares de artigos científicos publicados ao redor de todo o planeta.
Fora dos muros dos centros de pesquisa estão as pessoas que podem, de fato, se aproveitar de todo o conteúdo que está na internet e torna-lo acessível às pessoas. Os grandes canais de divulgação, podcasts e blogs provam justamente isso aí. A linguagem fácil, traduzida para o mundo contemporâneo em que vivemos e despida das “vestes talares” chega rapidinho às pessoas e mais importante que isso, aos jovens estudantes do ensino fundamental e médio. Eles serão os cientistas do futuro e hoje já aprendem física e química pelo youtube.
Cientistas do futuro
Imagino e torço que estes cientistas do futuro sejam também divulgadores dentro da academia. Que também entendam que visitar uma Escola Pública pode não garantir uma linha no curriculum Lattes, mas vale muito mais que isso. Fazer a ciência chegar ao povo afeta o futuro de muitos jovens, alimenta sonhos e perspectivas. Viva a divulgação científica.
Leia o texto anterior: A universidade do presente
Helinando Oliveira é Professor Titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciências
Helinando Oliveira
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