O Sol de cada dia #HojeÉDiadeCiência

sexta-feira, 1 dezembro 2017

Você já parou para observar o nascer e o por do Sol? Sabia que todos os dias há três alvoreceres? Leia na coluna #HojeÉDiadeCiência sobre esse curioso fenômeno

O nascer do Sol é uma das maiores certezas da vida. Ansiamos por estar aqui amanhã para viver mais um dia, mas ainda que não estejamos, estamos certos de que o Sol vai se erguer novamente sobre o horizonte, iluminar os caminhos e depois se pôr, permitindo as estrelas se exibirem mais uma vez, num ciclo que existe desde que o mundo é mundo.

E desde que o nosso planeta gira sobre si mesmo, todos os lugares da Terra ficam alternadamente à luz e à sombra. As durações de cada período, porém, nem sempre foram as mesmas.

Dias e noites

Há bilhões de anos a Lua pairava ameaçadoramente próxima da Terra. Nessa época distante um mês lunar durava cerca de 20 dias, e o dia por aqui não demorava mais que 18 horas.

A Lua está pouco a pouco ficando mais longe desde que se desprendeu das entranhas da própria Terra. Isso foi quando o nosso mundo, ainda quente e mole como um bolo no forno, viu-se atingido meio de raspão por um corpo com quase o mesmo tamanho de Marte. O nascimento da Lua deve ter durado somente uns dois dias, mas foi um péssimo final de semana para estar na Terra.

De lá para cá o “cabo de guerra” entre as forças gravitacionais da Terra e da Lua vêm freando a rotação do nosso mundo e tornando os dias mais longos. Mas como para cada ação existe uma reação, à medida que isso acontece a Lua se afasta de nós.

Vivemos numa época em que há um sincronismo entre o movimento da Lua sobre seu próprio eixo e o período orbital do satélite em torno da Terra. Isso significa que vemos sempre o mesmo lado da Lua – e quem estiver por lá assiste ao nascer do Sol uma vez a cada duas semanas.

Além disso, seja dia ou noite na Lua, um astronauta na face voltada para nós veria a Terra no céu, permanentemente. Do lado afastado, ao contrário, nosso mundo jamais estaria acima do horizonte.

Crepúsculos a auroras

Na Terra, o espetáculo diário do nascer e do pôr-do-sol encanta os entusiastas da natureza, mas é usualmente ignorado pela maioria dos apressados humanos. Para nós, o alvorecer de um novo dia começa no instante em que o limbo superior do astro-rei cruza o horizonte do observador.

Porém, mesmo que estejamos ao nível do mar, a aurora terá começado horas antes, num jogo de luzes e sombras que se alternam pelo céu até o despontar do Sol.

Um jogo inverso acontece no crepúsculo vespertino, ou ocaso, quando o Sol se esconde para dar lugar as estrelas. Chamamos de crepúsculo civil quando o centro do Sol está 6º abaixo do horizonte. Nesse momento o horizonte ainda está bem definido, mas já podemos ver as estrelas mais brilhantes.

Existe também o crepúsculo náutico, quando o centro do Sol fica 6º mais baixo que no crepúsculo civil. Bem mais sutil, ele assinala o instante em que a linha do horizonte começa a tornar-se indistinta do mar escuro – ou quando ela começa a aparecer, no caso do crepúsculo náutico matutino.

Por fim há o crepúsculo astronômico, quando o centro do sol está 18º abaixo do horizonte (três vezes mais baixo que o crepúsculo civil e uma vez e meia o crepúsculo náutico). O crepúsculo astronômico marca o início (ou o fim) da noite verdadeira, a escuridão total.

Mas essas situações raramente se aproximam do modelo idealizado se as observações forem feitas em terra firme, com elevações e obstáculos no horizonte.

Um último consolo aos insatisfeitos com suas horas diárias: se nossos descendentes puderem sobreviver ao inchaço do Sol, daqui a cinco bilhões de anos, eles contarão 960 horas entre o nascer e o pôr-do-sol. Em algumas noites, metade do mundo poderá contemplar uma Lua diminuta no céu por períodos que hoje seriam dias. Será quando os crepúsculos deixarão de ser banais, como hoje já pensam muitos de nós.

 

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José Roberto de Vasconcelos Costa, de Astronomia no Zênite - www.zenite.nu

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