O reflexo dos olhos Ciência Nordestina

terça-feira, 9 janeiro 2018

O narcisismo e individualismo de nossos dias se refletem na ciência. Mesmo diante da falta de recursos e esperanças, para Helinando Oliveira, pensar no coletivo é o que resta aos cientistas brasileiros

A intolerância e insensatez da sociedade nos dias atuais tem conduzido o ser humano a um novo ciclo de extermínio em massa. E este processo não passa apenas pelo embate Coreia do Norte-Estados Unidos: sue berço está no ódio que emana daqueles que acreditam ter o mundo a mercê de seus interesses.

Do alto de sua imponente sabedoria, Rubem Alves escreveu:

“ Uma pessoa é bela, não pela beleza dela, mas beleza nossa que se reflete nela”.

E nesta avalanche de redes sociais e sistemas virtuais de promoção de felicidades fantasiadas, o reflexo de nossos olhos mostra a tela fria de aparelhos de telefonia celular, que não descrevem a beleza da vida real, mas sim o reflexo de uma cultura narcisista do belo das coisas.

A essência passa a importar muito menos que a aparência e a ostentação das marcas e status social.  O ser social e sua escalada dentro dos organogramas institucionais passam a se confundir com a meta etérea da imortalidade.

E a condição narcisista é hegemônica até dentro dos laboratórios de pesquisa. Os cientistas fazem da plataforma Lattes uma nova rede social. E os artigos perdem a essência do “mais divulgar” para serem ferramentas poderosas do “mais de mim”.

O reflexo de uma sociedade narcisista despreza o coletivo e fragiliza cada membro, que não se vê como parte deste ente complexo que o coletivo caracteriza.

A segregação das categorias possibilita a banalização das maiores atrocidades. No caso da ciência e tecnologia, a LOA 2018 consegue reduzir ainda mais o deficitário orçamento que já foi caótico em 2017…

E tudo o que conseguimos fazer é observar atônitos o desmonte de algo que outrora fora tão promissor, a jovem Ciência e Tecnologia Brasileira.

O que fazer diante de tamanha desgraça?

O primeiro desafio é não abandonar o Brasil.

O segundo e não menos importante é manter a esperança brilhando nos olhos dos jovens, pois esta nação não pode desperdiçar toda uma geração para a ciência.

Assim como os japoneses encontraram forças para erguer um país das cinzas, fomos nós os escolhidos para não deixar a ciência brasileira morrer. Se a missão é resistir, sejamos persistentes.

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Helinando Oliveira

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