Poucos cientistas se equipararam a ele, cuja capacidade de cativar a imaginação de todos e explicar temas “difíceis” é um ato grandioso
Se estivesse vivo, Sagan faria 84 anos hoje. Sua memória traz a admiração, emoção e a alegria que é aprender Ciência. Poucos cientistas se equipararam a ele. Sua capacidade de cativar nossa imaginação e explicar temas “difíceis” é um ato grandioso.
Carl Sagan sempre quis ser um cientista. Mas, segundo ele mesmo, se dependesse da escola primária e secundária ele não teria ido longe. Embora não fossem incompetentes, seus professores não o inspiraram ou encorajaram a seguir seus interesses. Naquela época, o próprio Sagan diria que seu gosto por ciência fora mantido apenas pela leitura de livros e gibis de ficção científica.
Foi a Universidade que realizou os sonhos de Sagan. Lá ele encontrou pessoas que não apenas compreendiam ciência, mas eram realmente capazes de ensiná-la. Ele teve o privilégio de estudar numa época em que o status de professor universitário não dependia da quantidade de artigos publicados, mas sim do padrão do ensino, da capacidade de informar e inspirar a próxima geração.
Embora a preocupação com a divulgação científica não tenha começado com Carl Sagan, ninguém se empenhou mais do que ele para mostrar que ciência é antes um modo de pensar que propriamente um conjunto de conhecimentos.
Ele foi brilhante neste sentido ao aproveitar o mais poderoso veículo de comunicação em massa para falar sobre ciência. Sagan foi autor da série para televisão Cosmos, ganhadora de três prêmios Emmy (o “Oscar” da TV) e vista por quinhentos milhões de espectadores no começo da década de 1980.
Utilizando efeitos especiais disponíveis na época apenas para filmes como “Guerra nas Estrelas”, a série foi seguida pelo livro, considerado até hoje um dos maiores best-sellers de divulgação cientifica. Em 1995, uma sequência de Cosmos chamada Pálido Ponto Azul foi selecionada como “livro do ano” pelo New York Times.
Bem antes disso Sagan já havia recebido o prêmio Pulitzer de literatura por seu fascinante Os Dragões do Éden (1978), mas talvez sua obra mais marcante tenha sido O Mundo Assombrado pelos Demônios (1996), uma defesa apaixonada da ciência e do pensamento crítico.
Em 1997, durante a missão Pathfinder ao planeta Marte, a região investigada pelo robô Sojourner foi batizada como “Memorial Carl Sagan”, e no ano seguinte o filme “Contato” teve seu roteiro baseado no livro homônimo que Sagan publicara em 1985 – sua única obra de ficção científica.
Pela popularidade da série Cosmos e as frequentes aparições de Sagan na televisão, a frase “bilhões e bilhões” acabou virou um sinônimo do cientista. E muito embora nunca tenha usado exatamente essa expressão, era notável sua ênfase na pronúncia do “b” de “billions”.
Com bom humor, Sagan então escreveu o livro Bilhões e Bilhões (1997), que acabou sendo o último antes de sua morte. Hoje, uma divertida (e informal) unidade de medida denominada “Sagan” conta qualquer coisa com pelo menos 4 bilhões de objetos. Um “Sagan” de palmas para ele!
Gostou da coluna? Do assunto? Quer sugerir algum tema? Queremos saber sua opinião. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos email (redacao@nossaciencia.com.br). Use a hashtag #HojeeDiadeCiencia.
Leia o texto anterior: Vivendo no espaço – parte 2
Leia também: Astronomia Zênite
José Roberto de Vasconcelos Costa