O pau que nos deu nome #HojeÉDiadeCiência

terça-feira, 20 dezembro 2016

O pau-brasil (Caesalpinia echinata), foi o primeiro produto extraído das terras de Pindorama, posteriormente batizada de Brasil. Sua extração resultou em sua quase extinção em boa parte do território nacional, mas quais seriam os interesses por trás?

O valor de sua cor

A cor avermelhada de sua madeira foi o principal motivo da cobiça por esta árvore, que no idos de 1500 era facilmente encontrada em grandes grupos na mata atlântica, do sul do Rio de Janeiro até o Ceará. Dela era extraído um corante vermelho muito apreciado pela indústria tintureira, além de sua madeira que é utilizada até hoje na confecção de instrumentos musicais.

Sua madeira era cortada pelos índios e empilhada nas praias, de era levada junto com papagaios e araras para Europa nos navios portugueses.

Sua extração criou o primeiro ciclo comercial do recém país, sendo substituído pela cana-de-açúcar em 1875, data da última remessa de pau-brasil exportada à Europa.

Calcula-se que foram devastados cerca de 6 mil quilômetros quadrados de Floresta Pluvial Atlântica no primeiro século de exploração.

A origem do nome

A origem do nome Brasil não é exata, porém era o nome utilizado para designar outra árvore do mesmo gênero chamada Caesalpinia sappam, originaria da Ásia, que era extraída com a mesma finalidade. O nome pode estar ligado a intensa cor vermelha de ambas as madeiras, logo passou a ser utilizado para designar também a árvore nativa no Brasil.

Os primeiros comerciantes da madeira pau-brasil eram chamados de brasileiros, nome que posteriormente foi estendido a todas pessoas nascidas no Brasil.

A brasileína

A bela cor vermelha de seu lenho é dada pela substância brasileína, produto da oxidação da brasilina. Após extraída, a brasileína apresenta uma alta gama de cores dependendo do meio em que se encontra. No tratamento ácido com vinagre ou fermento, a brasileína adquire coloração vermelha, e no tratamento alcalino, com cinzas, a brasileína adquire tons arroxeados.

O interesse da indústria tintureira no pigmento não estava relacionado à sua nobreza ou qualidade, mais sim a capacidade de adquirir várias colorações desde tons de vermelho até tons de roxo.

A cor vermelha da brasileina vem da sua estrutura molecular e dos elétrons nesta, capazes de absorver as cores complementares ao vermelho, permitindo que a enxerguemos.

Uma cor e seu significado

A cor vermelha associada à vida, à fecundidade e também à guerra, desempenha até hoje um simbolismo importante.

A túnica vermelha dos guerreiros de Esparta tinha a função de esconder do próprio guerreiro o sangue da batalha, os guerreiros indígenas brasileiros também se utilizavam da cor vermelha, pintando rosto, braços e pernas com o as sementes de urucum. Na antiga Roma, era costume que recém-casadas utilizassem um véu vermelho, simbolizando a perda da virgindade.

Seu preço histórico

A ganância pela cor vermelha  e por um recurso que pensava-se ser inesgotável cobrou seu preço, tornando o pau-brasil quase extinto até o início do século XX, quando esforços de reflorestamento possibilitaram sua reinserção na natureza, esforços que seguem até a atualidade.

Referências 

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