É urgente a atenção aos processos de desertificação dos solos que afetam o presente e o futuro do planeta.
A Agenda 2030 é um programa de direitos humanos, aprovado em 2015 por 194 países na Assembleia Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU). O Estado brasileiro foi um dos países signatários. O compromisso do documento é a adoção de um modelo de desenvolvimento sustentável e o alcance de metas até 2030. Esse acordo internacional baseia-se em 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A meta é orientar a humanidade no planejamento e construção de políticas públicas que levem o mundo ao alcance do progresso social em cinco perspectivas: pessoas, planeta, prosperidade, parceria e paz.
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A ciência do solo é fundamental para alcançar os ODS, mas é importante que o conhecimento sobre solos tenha abrangência interdisciplinar e relevância direta com o cumprimento de suas metas. A sociedade deve compreender a importância do cuidado com os solos para as nossas vidas e de sua conservação para o desenvolvimento sustentável do planeta.
A contaminação do solo devido ao uso de pesticidas e fertilizantes sintéticos na agricultura impacta negativamente a saúde do solo, o que, por sua vez, influencia diretamente na qualidade e quantidade dos alimentos produzidos. Apesar disso, as ligações entre o solo, a saúde e a qualidade nutricional ainda são relativamente mal compreendidas.
Embora não sejam explicitamente mencionados, sabemos que os solos constituem a base de vários metas dos 17 ODS. Além disso, o detalhamento da Agenda 2030 traz a importância do solo em várias metas ao longo do documento, com estreita relação para o atingimento de seus objetivos. “Fome Zero e Agricultura Sustentável” (ODS nº 2), “Consumo e Produções Responsáveis” (ODS nº 12) e “Vida Terrestre” (ODS nº 15) são alguns exemplos.
Estudos acadêmicos são necessários para se alcançar as metas dos 17 ODS das Nações Unidas. Entre estes, as pesquisas nas áreas de Ciência Agrárias, especificamente com água e solo em escala nacional e regional são fundamentais.
Muitos dos ODS dependem da segurança alimentar, que requer água em quantidade e qualidade, bem como solos férteis para atender à demanda global por alimentos. Nos solos ocorrem processos essenciais para a agricultura, tais como movimento da água, dinâmica de nutrientes e trocas iônicas, transferência de calor, filtração física e, as transformações bioquímicas e biofísicas, fundamentais para a produção de alimentos.
As ações advindas de pesquisa em Ciências do Solo são cruciais para melhorar a alimentação, a segurança nutricional, o bem-estar e a conservação ambiental. Deste modo, as metas globais de vários ODS até 2030 podem ser facilitados caso sejam adotadas medidas de restauração do solo, gestão sustentável dos recursos solo e água, associados com programas de educação ambiental.
Entendemos que na região Nordeste, em especial no Semiárido, é urgente o desenvolvimento de pesquisas que possam atenuar os efeitos negativos da mudança global do clima. Pesquisas que apontem soluções no combate à desertificação (ODS 13), considerando-se que o déficit hídrico da região influencia diretamente a quantidade e a qualidade da água existente. Portanto, precisamos estar atentos aos processos de desertificação dos solos, ao aumento dos índices de salinidade e à perda de nutrientes e elementos químicos e físicos, que afetam o presente e o futuro do nosso planeta.
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Nildo da Silva Dias é professor titular da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa)
Nildo da Silva Dias
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