Nova coluna discute se as condições atuais podem garantir que o mundo será um lugar melhor até 2030
Em 2015, líderes mundiais de 193 países assinaram um acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), prometendo que até 2030, a vida de bilhões de pessoas iria melhorar e, ninguém seria esquecido. Este acordo está comtemplando nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) pautado na Agenda 2030 da ONU para a planejar, implementar e construir políticas públicas que levem o Brasil e o mundo ao alcance do progresso social com sustentabilidade em cinco perspectivas: pessoas, planeta, prosperidade, parceria e paz.
O Brasil se comprometeu a alcançar os 17 ODS e as 169 metas que buscam, dentre outros: erradicar a extrema pobreza, acabar com a fome e promover a agricultura sustentável, garantir o bem-estar, promover educação de qualidade, alcançar a equidade de gênero, garantir o acesso à água, reduzir desigualdades, promover crescimento econômico inclusivo etc.
O Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) é a agência líder da ONU responsável pela implementação dos ODS. Mas, o cumprimento com os ODS não se restringe somente a decisões de líderes mundiais, pois a sociedade tem um papel fundamental, participativo e agregador, podendo, inclusive, desenvolver ações que corroboram com estes objetivos e, ainda, acompanhar os seus representantes para que o compromisso assumido com a ONU seja colocado em prática.
O que precisamos fazer para atingir estas metas globais? Nossas escolhas são importantes e, se priorizarmos a qualidade de vida e o bem-estar social das pessoas, certamente teremos mais progresso social e êxitos no cumprimento das metas. Os ODS são complexos e indissociáveis, entretendo, para o seu cumprimento, torna-se importante que cada país transforme estas metas em políticas de estado, adaptando-as à suas realidades.
Já temos muitas soluções para atingirmos as metas globais em vários aspectos e, comprovadamente, não somos refém do crescimento econômico – Produto Interno Bruto – para garantirmos o progresso social. O Brasil, por exemplo, está entre os dez países de maior economia global, entretanto é o segundo país mais desigual do planeta. Somos o terceiro maior exportador de alimentos do mundo, mas ainda temos milhões de brasileiros vivendo em condições de insegurança alimentar, principalmente no meio rural, aonde se produz os alimentos.
A ciência e a tecnologia podem combater à fome, a desnutrição e reduzir as desigualdades do nosso país? É importante ressaltar que, o desenvolvimento científico e tecnológicos, especialmente quando aplicado em espaços periféricos, pode unir o Brasil que cresce e o Brasil que ainda não pode aproveitar essas oportunidades. Entretanto, tem-se observado que os padrões dominantes valorizam outras concepções de ciências, priorizando a pesquisa de Laboratório e acadêmicas sem muitas implicações e preocupações com questões locais, com os problemas da população e das comunidades.
As universidades, aonde se produz o maior conhecimento científico do Brasil, deveriam se aproximar das comunidades pobres, rurais e urbanas que sofrem com as desigualdades sociais e, estabelecer uma relação de reciprocidade e horizontalidade para melhorar a vida das pessoas. Não se trata de uma solução populista – fazer doações, mas de encontrar meios de transformação da realidade social da comunidade, em que, cada um, por meios de metodologias participativas, dará a sua contribuição. Para isso, precisamos obter condições institucionais favoráveis para praticar no ensino, na pesquisa e na extensão atividades que interessam ao povo, unindo os saberes acadêmicos e populares e, efetivamente encontrar melhorias que reduzam as desigualdades do nosso país em vários aspectos (educação, saúde, agricultura, segurança e soberania alimentar etc.).
Nesta coluna, iremos publicar, quinzenalmente, textos opinativos relacionados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, enfatizando os desafios para o Brasil se integrar a esta agenda global, tendo a ciência e a tecnologia como mecanismo de consolidação.
É possível atingir as metas globais? Certamente não, se não fizermos algo diferente, pois nem mesmo o crescimento econômico significativo dos países será suficiente para atingir estas metas, se não distribuirmos riquezas e procurarmos priorizar o desenvolvimento social dentro dos limites ambientais do planeta. Imaginem se governos, empresas, organizações não governamentais, universidade, sociedade civil, eu e vocês pudéssemos trabalhar juntos para melhorar a vida das pessoas, fazendo deste século, o século do progresso social. Então, o mundo que queremos seria possível!
A coluna O mundo que queremos é atualizada quinzenalmente às quintas-feiras. Leia, opine, compartilhe e curta. Use a hashtag #omundoquequeremos. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos email (redacao@nossaciencia.com.br).
O próximo texto será publicado no dia 22 de outubro
Nildo da Silva Dias é Professor Associado da Universidade Federal Rural do Semi-Árido
Nildo da Silva Dias
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