Por que a coluna mudou de nome e agora se chama Disruptiva
(Gláucio Brandão)
Na semana passada, nossa coluna mudou de nome: passou do extenso e, digamos assim, já cansado “Empreendedorismo Inovador”, para uma nomenclatura curta, jovial, intensa e muito mais abrangente: agora atende pelo nome de Disruptiva! Tratando-se de uma “forte sugestão” de minha editora (vamos chamá-la por aqui de M.C., um nome fictício, para poupar os envolvidos), tive que, ou melhor, concordei com ela de pronto.
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Brincadeiras à parte, a ideia é bacana demais, pois me libertou de um tema que, na verdade, é muito mais limitado do que a nova proposta impõe. Agora não preciso mais me conter a escrever apenas sobre empreendedorismo e/ou inovação. Posso falar de tudo; irromper por qualquer área. Bom, se já ousei um bocado em mais de 200 e ta-rá-rá aulas condensadas dentro de um tema menor, imagina agora, que as porteiras do mundo da imaginação foram todas escancaradas? Massa, né não? Assim, só tenho a agradecer a M.C.
Essa AC tem por obrigação explicar o porquê do novo rótulo e o impacto que a disrupção promove no mundo hodierno. Sem ela, posso garantir, estaremos com os dias contados.
Disruptiva
O temo “Disruptiva”, que empresta o nome à coluna, deriva de disrupção. Não se sabe ao certo quando esta palavra apareceu na Terra, mas, como de praxe, é um termo que veio do (adivinhem só?) latim, disruptio, que significa ruptura, fratura ou quebra. O termo se popularizou no contexto de negócios e tecnologia para descrever inovações que causam mudanças profundas, rompendo métodos ou produtos tradicionais e criando novos mercados ou modelos de negócio. Neste contexto, a ideia de ruptura e transformação está no centro da disrupção, que muitas vezes redefine as regras e estruturas existentes. Viram aí: só coisa boa!
Popularização
A concepção atual de disrupção tem uma origem.
“O termo ganhou fama principalmente após a publicação do livro ‘The Innovator’s Dilemma’ (O Dilema do Inovador) em 1997, escrito por Clayton Christensen, professor da Harvard Business School. Christensen introduziu a ideia de inovação disruptiva, que descreve como novas tecnologias ou modelos de negócios podem transformar e até mesmo destruir indústrias estabelecidas. Desde então, ‘disrupção’ tem sido amplamente utilizado em diversos setores, especialmente em tecnologia, negócios e educação, para descrever mudanças significativas e inovadoras que desafiam o status quo”, diz o artigo Os três tipos de inovação de Clayton Christensen.
Os três tipos de inovação
No livro Christensen descreve três tipos principais de inovação:
Esses tipos de inovação ajudam a entender como diferentes abordagens podem impactar, não só o mercado e na competitividade de uma empresa, mas também toda uma sociedade.
Embora as organizações precisem efetuar o “café com leite” para se manterem sustentáveis, falo em relação as de eficiência e sustentação, é a disrupção que causa a quebra de paradigmas criando, geralmente, novos mercados. Exemplos de impacto em nosso cotidiano não faltam: Tecnologia (Inteligência Artificial, acelerando tarefas e criando novos empregos), Educação (E-learning, democratizando o acesso ao conhecimento), Saúde (Telemedicina, facilitando consultas a distância), Finanças (Fintechs, reimaginando serviços bancários), Energia (Energia Renovável, promovendo sustentabilidade), Transporte (Veículos Autônomos, revolucionando a mobilidade) e Varejo (E-commerce, transformando as compras via dispositivos móveis).
O papel mais importante: educação
Defendo que, por si só, a educação atual não conseguirá fazer muita diferença daqui para frente. Se investirmos bilhões de reais na construção de excelentes escolas, estaremos apenas forçando uma educação modular e já prevista, como falei em A maldição do molde e os entraves para se inovar. Formaremos mais pessoas instruídas naquilo que já sabemos – nós professores –, numa expectativa de que o mercado de trabalho vá absorvê-las. Simplesmente, não vai rolar!
O que realmente pode fazer a diferença é “puxar” a educação, ou seja, criar uma demanda real no mercado de trabalho por pessoas qualificadas. Quando uma empresa começa a produzir algo com potencial de impacto social, ela tende a crescer e acaba precisando de mais pessoas capacitadas para produzir, distribuir, vender e dar suporte. Veja, por exemplo, o impacto promovido pelos celulares: os aplicativos facilitaram acesso a fornecedores de todos os tipos e setores, e a logística floresceu exponencialmente. A empregabilidade saltou, assim como a facilidade em resolver nossos problemas à distância de um “enter”.
Assim, o mercado “puxa” a educação para atender as lacunas que sempre aparecerão por conta dos gaps, necessidades humanas que surgem, como eu descrevi em Ciência, tecnologia e inovação: ordem errada!, na qual propus que a ciência deveria ser puxada pela inovação, e não o contrário.
Finalizando…
A coluna transformou-se, sem dúvida, para melhor. Seu novo nome, inspirado pelo renovado conceito do professor Christensen, reflete nosso único objetivo: que possamos, através do Nossa Ciência, semear disrupções de pensamento em nossos leitores, criando novas formas de ver e entender o mundo.
Sem novidades, não haverá inovações. Estagnaremos nossos avanços, nosso conhecimento, perpetuando desigualdades. Estaremos despreparados para os desafios modernos, afetando negativamente a economia e a vida a longo prazo. A inovação é essencial para preparar pessoas não para o futuro, que é imprevisível, mas para o presente. Para isso, precisamos ter uma mente Disruptiva.
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Gláucio Brandão é professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e gerente executivo da incubadora inPACTA (ECT-UFRN)
Gláucio Brandão
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