O educando poliglota rompe com o ensino tradicional: domina múltiplas linguagens, transforma caos em soluções e lidera o futuro.
(Gláucio Brandão)
Prepare-se: o mundo virou uma arena darwinista de inteligências. A educação, como a conhecemos, faliu. O modelo “Escola 1.0” – baseado na transmissão passiva de conteúdo morto – forma mentes replicantes, não solucionadores radicais. Enquanto isso, o mercado global já fala outra língua. E quem não for poliglota estratégico ficará analfabeto funcional em um mundo de mudanças exponenciais.
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Poliglota, GBB-San? Sim, mas não de idiomas. Refiro-me à fluência nos dialetos da inovação disruptiva, no sotaque da resiliência antifrágil, na sintaxe da criatividade aplicada, e na gramática do pensamento não linear. É decifrar a “ciência congelada” da academia e traduzi-la em soluções que geram valor real no “mercado vivo”.
Esse novo educando é capaz de formular perguntas inéditas, coisa que até a IA ainda engatinha. Ele converte dor em solução, ruído em insight, caos em vantagem. Ele pensa em rede, age com propósito e não espera permissão para mudar as regras.
Não é previsão. É fato! O Brasil enfrenta um apagão tecnológico iminente. Mas o buraco é mais embaixo: não faltam programadores, faltam solucionadores criativos. Linguagens de código se aprendem, mas o que não se ensina é visão de jogo. As grandes vagas do futuro exigem pensamento estratégico híbrido: gente que una inteligência natural + inteligência artificial + inteligência de mercado. Enquanto as universidades se perdem em ementas desatualizadas e bibliografias fossilizadas, o mundo pede profissionais que criem suas próprias oportunidades. A disrupção não virá do currículo, mas da capacidade de gerar valor real em tempo real.
E agora? O modelo vigente é uma fábrica de “desempregados eficientes”: sabem repetir fórmulas (quando muito), mas travam diante de problemas reais. O ensino é “empurrado”, focado na zona de conforto do professor, e não “puxado” pelas necessidades do mundo, o que geram diplomas irrelevantes, startups natimortas, patentes que não viram inovação. Persistir nesse modelo é pavimentar a obsolescência programada de toda uma geração. O ensino virou um cemitério de potencial. É hora de quebrar o molde.
Mas há luz. O mundo real começa a ensinar melhor do que a academia. A Escola Outsider (aquela feita lá fora) já é uma realidade em células de inovação que aplicam Lean Startup, flipped classroom, gamificação, design thinking, Triztorming, e ciclos curtos de construção e validação. O mercado se transforma em uma grande Empresa-Escola, onde se paga para aprender com quem faz. Para ficar em um único exemplo, cito a CESAR Schools, da minha terrinha – Recife (PE), modelo que sinaliza o futuro. Melhor, o presente: aprendizagem integrada ao fazer teoria e prática colapsarem em uma só linha de ação. O conhecimento é contextualizado, dinâmico, relevante… e interessante!
A ruptura é clara: a inovação deve puxar a tecnologia, que por sua vez exige ciência – não o contrário.
Ciência pela ciência, desprovida de aplicação prática, corre o risco de se tornar um exercício meramente contemplativo e estéril. Quando dissociada de propósitos concretos, a ciência pode degenerar em um ritual autocentrado, desconectado das reais demandas da sociedade; não alcançando ninguém, apenas o currículo Lattes. O novo ciclo começa no problema real, no cliente real, na dor real. Só então, e se necessário, no Brasil de hoje, precisaremos mobilizar a ciência.
A base da nova instrução é o autodidatismo assistido. Professores viram mentores, conteúdos viram desafios, e alunos viram autores de suas trajetórias. A IA generativa, como tutora personalizada, será (na verdade, já é) o catalisador dessa mutação cognitiva. Com ela, cada aluno pode aprender no seu ritmo, no seu tempo, com feedback contínuo, rumo à maestria. O Educando Poliglota é o agente da ruptura. Ele terá de dominar múltiplas linguagens cognitivas, adaptando-se como um camaleão e pensando como um estrategista. Não aceita o “é assim mesmo”. Ele redesenha o jogo. A universidade que não se adaptar será enterrada com pompa e diploma.
Chega de formar peões num mundo que precisa de líderes criativos. O novo ensino é radical, prático, subversivo, e começa com uma decisão: romper com o passado e construir o futuro com as próprias mãos.
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Gláucio Brandão é professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e autor do livro Triztorming
A coluna Disruptiva é atualizada às quintas-feiras
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