Prática melhora as condições de cultivo de espécies sensíveis e viabiliza a produção em período chuvoso
No semiárido Brasileiro, os fatores climáticos como temperatura e luminosidade estão presentes em quase todos os meses do ano, sendo necessário, muitas vezes, reduzir o excesso de energia para viabilizar a produção agrícola, principalmente das hortaliças folhosas. Deste modo, o cultivo em ambiente protegido é prática vantajosa em relação ao cultivo a céu aberto em pleno sol, pois reduz a temperatura, melhora as condições de cultivo das espécies sensíveis ao excesso de luminosidade, além de reduzir a incidência de pragas e doenças e, aumentar a eficiência do uso da água etc.
No que se refere às adversidades climáticas, sabe-se que nos períodos de maiores precipitações, mesmo em ambiente semiárido, há reduções significativas da produtividade das culturas, especialmente as hortaliças folhosas (alface, repolho, rúcula, coentro etc.), especialmente devido a sua alta sensibilidade à umidade desta espécie. Há vários relatos de agricultores e consumidores que constatam a queda de produção, redução na distribuição e/ou qualidade abaixo do padrão das hortaliças folhosas em períodos chuvosos.
“Todos os anos, na época chuvosa, nós temos muitos problemas com as hortaliças folhosas que, praticamente acaba a produção. Então, nós temos informações de que se produzimos em estufas plásticas podemos conseguir boa produção de hortaliças, mesmo com as chuvas”. Relato de uma agricultora da APROFRAM.
Outra vantagem do cultivo protegido – estufas plásticas – é a possibilidade de plantio em épocas que normalmente não seriam escolhidas para a produção das hortaliças em campo aberto, o que para a agricultura familiar garante a sua soberania alimentar.
Por outro lado, uma das limitações do cultivo em estufa no semiárido são as altas temperaturas e a elevada umidade no período seco, embora esta pode ser sanada com a utilização de malhas de sombreamento para atenuar a densidade de fluxo de radiação solar, possibilitando o cultivo, principalmente de oleícolas, em épocas com alta disponibilidade energética.
Os cultivos protegidos podem abrir um caminho precioso de melhoria na qualidade e preço dos produtos da agricultura familiar do semiárido, especialmente em períodos chuvosos, além de apresentar maior produtividade com menor área de cultivo; permitindo aos agricultores, que dispõem de pequenas áreas, empreender, produzir e obter renda suficiente para ter acesso às outras necessidades.
Uma ideia promissora quando se cultiva em ambiente protegido seria aproveitar a área de captação das coberturas das estufas plásticas para captar e armazenar das chuvas para uso na irrigação no interior desses ambientes. Esta prática torna-se importante para semiárido devido à escassez hídrica, uma vez que a cada m2 de telhado, quando armazenada, pode irrigar 1 m2 de hortaliças durante 200 dias; representando reduções de demandas hídricas dos mananciais e a economia de energia com bombeamento.
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Nildo da Silva Dias é Professor Associado da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa).
Nildo da Silva Dias
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