Evento do Conselho Nacional das Faps mantém dinamismo a cada edição
As Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) são os principais órgãos dos governos estaduais para financiamento de atividades acadêmicas e de inovação. Juntas, elas compõem o Conselho Nacional das Faps (Confap), que articula com os estados ações relativas às políticas nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação.
O Confap costuma realizar seu Fórum até quatro vezes por ano, e a ocasião se destaca pelo dinamismo: cada edição é responsabilidade de um estado e, nos entremeios da agenda técnica, a reunião ganha “a cara” e os matizes do lugar onde acontece.
O último Fórum do Confap em 2016 foi recebido pela cidade de Campo Grande, tendo como anfitriã a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), nesta terça e quarta (8 e 9/11).
O que destacamos?
Dados do CNPq
Na abertura, a presença do governador do estado, Reinaldo Azambuja e palestra de Mário Neto Borges (foto), o novo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ex-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), ex-presidente do próprio Confap e, até então, responsável pela área de cooperações internacionais do órgão.
Em sua primeira palestra como presidente do CNPq, o professor Mário Neto apontou inovação, internacionalização e parceria com as FAPs como diretrizes em sua gestão.
Seguiu apresentando um panorama sobre internacionalização da pesquisa e a posição do Brasil na situação atual, em relação ao mundo e à América Latina.
“Na quinta feira teremos reunião com o presidente Temer. Uma das propostas que vai ser levada, é fazer um plano de recuperação do investimento em Ciência, Tecnologia e Inovação”. A proposta a ser apresentada, de acordo com Mário Neto, seria de elevar este investimento de algo em torno de 1.2% para 2% do Produto Interno Bruto brasileiro, num prazo de cinco anos.
“Essa vai ser uma tarefa importante, de sensibilizar o governo federal, na figura do presidente Temer, da importância de se investir em CT&I”. Ele exemplifica que os países no topo dos indicadores de investimento, Israel e Coreia do Sul, que passam de 4% do PIB e têm mais 10 pesquisadores por mil habitantes, enquanto em nosso país a proporção é de 1/100.
“Isso tira um pouco daquele mito de que o Brasil está formando muitos doutores desnecessariamente. Isso não é verdade. O problema é que a economia vai mal e você não tem como encaixar esses pesquisadores no trabalho que eles deveriam que fazer. E principalmente porque, aqui, a maioria dos nossos pesquisadores vai para academia e nesses países, eles vão para o setor empresarial, portanto, produzem realmente riqueza para o país”, observa Mário Neto Borges.
Segundo dia de reunião
O presidente do Confap, Sérgio Gargioni (Fap de Santa Catarina, Fapesc), e seus pares, estão com os olhos fixos na regulamentação do marco legal de CT&I, torcendo para que os trâmites burocráticos não engessem de forma irrazoável uma conquista que foi fundamental, porém, ainda incompleta: houve vetos mantidos que afastaram o novo marco do “ideal”, de acordo com as entidades representativas de CT&I no Brasil, por exemplo a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciência (ABC), em consonância com o próprio Confap.
Esse é um trabalho político, decisivamente em Brasília, e de acordo com o acesso que os presidentes têm às bancadas dos respectivos estados no Congresso e no Senado Federais.
Estímulo ao Jornalismo Científico
Outro ponto alto do evento foram as premiações da Fundect para pesquisadores do ano em diversas áreas, em par com a entrega do prêmio de jornalismo científico. Amazonas já tem um prêmio consolidado e Alagoas lançou o seu este ano.
Já podemos falar de tendência? É discutível. A motivação, porém, é clara: FAPs e Secretarias de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTIs) sabem do peso político que há em disseminar, através da mídia, para a população em geral, o resultado das iniciativas que apoiam, com dinheiro público estadual e federal.
A Secti de Alagoas, inclusive, vai promover treinamento para os interessados em concorrer. Coerentemente, também haverá premiação para estudantes de Jornalismo.
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