A diferença entre mestrado acadêmico e profissional na escolha da modalidade ideal de pós-graduação no Brasil.
(Helinando Oliveira)
É fundamental que a sociedade e a própria universidade tenham clareza sobre a diferença entre mestrados acadêmicos e mestrados profissionais, potencializando a abrangência de ambas as modalidades de pós-graduação stricto sensu para o crescimento do Brasil.
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Segundo a própria Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes): “O Mestrado Profissional (MP) é uma modalidade de pós-graduação stricto sensu voltada para a capacitação de profissionais, nas diversas áreas do conhecimento, mediante o estudo de técnicas, processos ou temáticas que atendam a alguma demanda do mercado de trabalho.” Já o Mestrado Acadêmico (MA) tem ênfase na formação de pesquisadores e professores universitários com problemas científicos fundamentais e aplicados.
Provavelmente, os exemplos mais conhecidos de mestrado profissional sejam os mestrados nacionais profissionais em rede para professores, que se adaptam à rotina dos profissionais da rede pública, enquanto estes exercem a sua pesada rotina dentro da sala de aula. Para contemplar agendas tão lotadas, as atividades acadêmicas são normalmente compactadas no final de semana, o que representa uma sobrecarga considerável para orientandos e orientadores. Todavia, a qualificação do pessoal que está na linha de frente pela educação de novos jovens merece todo o esforço.
Por outro lado, temos o tradicional mestrado acadêmico e a necessidade de dedicação exclusiva ao laboratório e aos estudos, tendo em vista a complexidade de entender e propor soluções de qualquer tipo, diante do problema maior que é a nossa sobrevivência no planeta Terra.
Ter dedicação a uma pós-graduação é também um exercício de extremo sacrifício, uma vez que a bolsa quase sempre está abaixo do que deveria ser, além da inexistência de direitos trabalhistas para o bolsista de pós-graduação. No entanto, uma atividade de pesquisa bem desenvolvida é um investimento de longo prazo.
Surge a tentação de ir para o mercado e tentar conciliar com a atividade de pós-graduação acadêmica. Por vezes, isso é inevitável. Porém, para aqueles que possam evitar essa mistura complexa, fica o conselho: o mestrado acadêmico requer dedicação exclusiva do pós-graduando, já que o exercício de atividades de simulação e laboratório é complexo e imprevisível.
Não há como fazer pós-graduação acadêmica apenas nos finais da noite ou finais de semana (esses são os momentos para o descanso). Além disso, a concepção social de grupo de pesquisa é fundamental para a convivência e o compartilhamento de problemas. Portanto, a maior parte das atividades ocorre em horário comercial.
Por fim, e ainda mais complicado, é a mistura de trabalho externo com a bolsa de pós-graduação. Ao assinar um termo de concessão de bolsa, estabelece-se um acordo com o governo de que a defesa e o produto final são a devolução exigida ao bolsista. Quanto menos tempo se dedica à pesquisa, maior é a chance de insucesso e, inclusive, de devolução de recursos.
Portanto, analise bem a modalidade de pós-graduação que irá desenvolver. E, quando tiver a oportunidade de ser contemplado com uma bolsa, é fundamental ter em mente a rota a seguir até a conclusão do curso. Pós-graduação é trabalho.
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Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciência
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