Lançamos objetos para a órbita terrestre desde 1957. Várias dezenas de novos lançamentos são feitos a cada ano. Normalmente um satélite tem uma vida útil de uns doze anos
Enquanto o nosso colunista, o astrônomo José Roberto Costa está viajando, continuamos a série de reprises dos textos mais comentados por nossos leitores. Nessa edição lembramos a questão do lixo espacial que flutua ao redor da Terra sobre nossas cabeças.
(Equipe de Redação)
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Quando imaginamos o que está em órbita da Terra, voando rápida e silenciosamente muito acima de nossas cabeças, pensamos nos satélites. Lembramos da previsão do tempo, das comunicações de longa distância e das transmissões em tempo real, vindas do outro lado do mundo.
Pensamos também na estação espacial internacional, um gigantesco complexo construído em pleno espaço. Nos astronautas com seus movimentos suaves, sempre muito ocupados, e nas naves cargueiro executando suas manobras de acoplagem.
Está certo. Porém, o que mais existe em volta do nosso mundo, infelizmente, é apenas lixo. Partes de naves espaciais deixadas para trás durante a subida dos foguetes, satélites que já encerraram sua vida útil e – acredite – até mesmo parafusos e ferramentas perdidas.
Tudo isso dando voltas no planeta em velocidades que atingem 28 mil quilômetros por hora, quase dez vezes mais rápido que uma bala de fuzil.
Perigo real
Lançamos objetos para a órbita terrestre desde 1957. Várias dezenas de novos lançamentos são feitos todos a cada ano. Normalmente um satélite tem uma vida útil de uns doze anos e a maioria dos foguetes possui estágios, que são como etapas para que ele possa atingir o espaço.
Cada lançamento deixa um rastro de rejeitos que se não caem de volta no planeta (geralmente no mar) viram lixo espacial. E ainda que todos os lançamentos parassem agora, a quantidade desse lixo não diminuiria nem um pouco.
Fragmentos colidem freqüentemente uns com os outros, espatifando-se em mais e mais pedaços. Estima-se que existam mais de 300 milhões de detritos maiores que um milímetro. Quanto menor, maior seu número.
As partes realmente grandes são monitorados pelas agências espaciais (os Estados Unidos mantêm um catálogo com mais de 10 mil objetos), mas não há como detectar as muito pequenas.
O lixo espacial representa um perigo real. Mesmo os menores detritos são capazes de fazer um buraco numa nave ou inutilizar um satélite. Também não é raro que um deles retorne a Terra, embora quando o faça geralmente não passa de um meteoro no céu. Às vezes, porém, a queda é perigosa.
A céu aberto
Alternativas existem, mas parece que ninguém está disposto a pagar a conta. Novos satélites poderiam ser feitos com materiais de desintegração mais rápida e serem postos em órbitas mais elevadas. Mas nada disso teria outra função senão prevenir acidentes – e fatalmente tornaria o processo de desenvolvimento e lançamento bem mais caros.
Os países ricos não desejam normas internacionais muito rígidas, prejudicando assim a competitividade de suas empresas aeroespaciais. E as nações em desenvolvimento não querem nem pensar no assunto porque isso encareceria a já dispendiosa atividade espacial.
As autoridades parecem esperar um acidente grave para então tomar uma atitude concreta. Enquanto isso, o menos fétido, mas não menos perigoso entre todos os lixões humanos continua a céu aberto – literalmente.
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José Roberto de Vasconcelos Costa
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