Laboratórios de portas abertas Ciência Nordestina

terça-feira, 10 setembro 2024

Feiras e visitas a laboratórios conectam estudantes do ensino médio à pesquisa científica.

No período que completa 20 anos, o Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos abre suas portas para atrair os cientistas do futuro. Para o professor Helinando Oliveira, a divulgação científica deve se aproximar do público e inspirar jovens para a vida acadêmica.

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Em textos anteriores desta coluna, já argumentamos longamente sobre a importância da divulgação científica falar a língua das pessoas, tratar dos problemas delas e principalmente de suas soluções. Desapegar da tese de doutorado e ser mais um na multidão é algo que pode ser muito difícil para vários cientistas.

Neste ponto que fica clara a necessidade de formar pessoas. “Minha” tese de doutorado pode ser importante, mas viabilizar a defesa de dezenas de outras delas pode ser ainda melhor. Para isso, é necessário buscar interessados em entrar na vida acadêmica. Assim, as pessoas imprimem folhas de papel e espalham pelos corredores dos departamentos. Funciona? Talvez.

Vale lembrar que o mundo real está fora dos muros da universidade e lá estão os melhores candidatos do futuro. Jovens estudantes do ensino médio em escolas públicas, por exemplo, podem nunca acessar a universidade por simplesmente não a conhecer.

Mundo fora da universidade

Depois de vinte anos como professor da Univasf, levantei os dados de que uma parte de meus orientandos fizeram disciplinas comigo e outra parte veio de palestras que apresentei fora da universidade. E todas as vezes em que fui nestes eventos fiz a pergunta: “quem quer cientista no futuro?” Embora raramente alguém levantasse mão, sempre surgiam alunos de graduação falando sobre como aquele momento marcou a sua vida.

Desde então percebi que é fundamental visitar escolas, levar nossos experimentos até lá e também abrir as portas dos laboratórios para os estudantes do ensino médio. Como parte das festividades dos 20 anos do grupo de pesquisa que coordeno na Univasf (o grupo LEIMO) faremos um grande evento sob forma de feira de ciência para mais de 700 estudantes na Escola de Referência em Ensino Médio Clementino Coelho,  em Petrolina (PE).

Feira de ciências invertida

Esta será uma feira de ciências invertida: ao invés de julgar os trabalhos dos jovens do ensino médio, nossos pós-graduandos farão experimentos para capturar a atenção dos jovens.

A missão é traduzir a nanobiotecnologia para a linguagem de nossos jovens, capturar suas selfies e quebrar o conceito de que a universidade é um lugar chato e cheio de gente sisuda. Na volta, pequenos grupos de estudantes farão visitas aos laboratórios e acompanharão uma tarde de trabalho de nossos pós-graduandos. Com isso, tem-se um ciclo completo de interação em que se espera abrir as portas do laboratório para o futuro. Os estudantes conhecerão as modalidades de bolsa e formas de ingresso, e poderão alimentar os sonhos mais secretos e até adormecidos de serem cientistas.

Que se abram as portas para os próximos 20 anos de pesquisa na Univasf.

Leia o texto anterior: Passado sustentável

Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciências

Helinando Oliveira

2 respostas para “Laboratórios de portas abertas”

  1. John Fontenele Araujo disse:

    Parabéns para todos que fazem a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Vocês são um orgulho para educação superior e para ciência brasileira.

  2. Helinando Oliveira disse:

    Obrigado, prof. Fontenele. Um viva para a Universidade pública brasileira.

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