Para além do mundo virtual da internet, os robôs vêm se sofisticando e aprendendo cada vez mais sem a necessidade da intervenção humana
Machine learning, deep learning e processamento de linguagem natural são exemplos de ferramentas da computação aplicados em inteligência artificial. A pergunta óbvia que se deve fazer é: poderiam as máquinas explorar algoritmos ao ponto de mimetizar a rede neural do cérebro humano?
O processamento de linguagem natural (PLN), por exemplo, já faz uso das reações dos usuários a postagens para compreender seus sentimentos. São estes robôs que estabelecem as mensagens mais adequadas a serem disparadas nas redes sociais para cada um de nós, prevendo nossas necessidades e desejos. Com base em cada clique de cada cidadão do mundo na rede de computadores, é possível construir uma base de dados forte ao ponto de prever o que cada consumidor pode ser induzido a querer. Esta conversão de cidadão a consumidor parece ser a mais forte das aplicações recentes que conjuga um enorme banco de dados aos preceitos de inteligência artificial.
Para além do mundo virtual da internet, os robôs vêm incorporando técnicas sofisticadas para coletar dados sobre objetos nunca antes manipulados por eles e sem a necessidade da intervenção humana no processo de aprendizagem.
Este modelo – a advecção neural dinâmica (do inglês DNA) permite com que um robô possa predizer como os pixels de uma imagem se moverão. A partir da identificação entre o movimento real e o movimento previsto, o robô passa a aprender da mecânica clássica de Newton sem necessariamente saber que o somatório das forças é o produto da massa pela aceleração. O robô entenderá antes que nossos estudantes que uma maçã não cai para satisfazer as leis de Newton. Ela cai porque cai, simples assim. E mesmo sem os dados exatos da aceleração da gravidade ele poderá pegar a fruta antes que caia no chão.
A vantagem da técnica de DNA é a de permitir com que a mobilidade e a manipulação autônoma de objetos seja estabelecida de forma eficiente por meio de uma máquina. Com isso, em um futuro próximo, teremos veículos autônomos que ajudarão a despencar os índices de morte no trânsito por terem a habilidade de reconhecer que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço no mesmo tempo. Este é o lado positivo desta pseudo-independência das máquinas, quando fazem uso de algoritmos preditivos em substituição ao “jeitinho” humano.
E se ainda assim restar algum temor quanto a inevitável interferência dos computadores e robôs em nossas vidas, basta lembrar que elas são enormes bancos de dados que tudo sabem sobre nós e que estão nas mãos de quem domina o planeta como serviços a serem prestados a quem puder pagar.
A utopia em todo este processo é de que todo este arsenal de conhecimento possa ser utilizado para identificar e sanar as fontes de destruição do meio ambiente. Os computadores quânticos e a inteligência artificial poderão, em breve, ser soluções derradeiras para nos livrar do apocalipse de nossa casinha, o planeta Terra.
Neste momento, os robôs teriam a oportunidade de desfazer todo o mal que o seu criador espalhou pelo planeta. Todavia, para que isso seja real, a raça humana precisa entender que o planeta vale mais que o lucro das grandes empresas. Quem sabe a própria inteligência artificial não entenda isto antes de nós mesmos e nos ensine.
Há esperança nas máquinas.
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Leia o texto anterior: Computadores quânticos: o poder do qubits
Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
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