Integração das Ciências Exatas na Engenharia Ciência Nordestina

terça-feira, 11 março 2025
Um engenheiro que não sabe o mínimo de Mecânica Quântica não pode participar da produção de um computador quântico (Foto: IBM Cryostat Flickr)

A formação em Engenharia deve integrar as Ciências Exatas ao ciclo profissional para garantir inovação e excelência. Mais projetos, menos decoreba!

(Helinando Oliveira)

É consenso que, sem Física, Matemática, Química e Estatística, não haveria Engenharia. Dito isso, podemos considerar que a integração das Ciências Exatas com sua respectiva aplicação na Engenharia deve ser intensa e produtiva. E, de fato, é assim naqueles centros em que se desenvolvem pesquisas de ponta e se faz ciência no estado da arte, tanto nas Ciências Exatas quanto nas Engenharias.

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Há também o outro lado da história, no qual o ensino de Engenharia assume um formato disciplinarizado, em que o ciclo profissional e o ciclo básico (as Ciências Exatas) não dialogam e até se colocam em condição de antagonismo. São muitos os exemplos de cursos de graduação em Engenharia que tentam enxugar suas matrizes curriculares eliminando conteúdos do ciclo básico.

Colonização tecnológica

A consequência desse processo é um curso de formação de engenheiros cada vez mais voltado para conteúdos de livros-texto, no pior estilo que a colonização tecnológica possa impor. De fato, implementar soluções tecnológicas feitas por terceiros requer apenas a leitura do manual do equipamento. Mas Engenharia é bem mais do que isso.

Não há como imaginar que um engenheiro que não saiba o mínimo de Mecânica Quântica possa participar da produção de um computador quântico. Ele pode, com muito esforço, ser usuário, se tiver dinheiro para pagar pelo computador que outro profissional desenvolveu. E o mesmo vale para o Eletromagnetismo e toda a Física básica.

Como resolver esse problema?

Integrar os ciclos básico e profissional das Engenharias é o passo mais importante a ser dado. Permitir que os estudantes desenvolvam projetos e produtos desde o ciclo básico é fundamental para consolidar sua aprendizagem e fazê-los entender que as ferramentas do ciclo básico e as Ciências Exatas são essenciais para que a Engenharia esteja no estado da arte, propondo soluções. Assim, passaremos a formar engenheiros de fato, e não apenas no papel.

Mais projetos e menos provas e resumos. A Engenharia é mais prática e menos decoreba.

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Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciência

A coluna Ciência Nordestina é atualizada às terças-feiras

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