Há urgência em ações para a mitigação das mudanças climáticas O Mundo que queremos

sexta-feira, 30 agosto 2024
As mudanças climáticas podem alterar as condições de um determinado local e causar desastres ambientais, como o que ocorreu em abril de 2024 no Rio Grande do Sul (Foto: Defesa Civil RS)

Mudanças climáticas são alterações nas variáveis meteorológicas, como temperatura, que podem ser naturais ou causadas por ações humanas, com consequências graves como desastres ambientais e migrações, exigindo ações urgentes para mitigação.

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As mudanças climáticas são as transformações das variáveis meteorológicas como temperatura, precipitação, ventos e outros elementos que mudam de padrão ao longo de décadas. Mudanças climáticas exigem ações urgentes para mitigar desastres ambientais e suas consequências.

Essas variações do clima podem ocorrer naturalmente, como, por exemplo, as mudanças de temperatura média global, que acontecem devido à alteração da órbita da terra em relação ao sol (ciclo solar), denominado Ciclo de Milankovitch. Entretanto, as mudanças climáticas também acontecem em função das ações antrópicas que intereferem na Camada de Ozônio, principalmente devido às emissões de altas concentrações de gases de efeito estufa que podem provocar o aumento da temperatura média global de forma acelerada.

Variações do clima podem ocorrer naturalmente, como, por exemplo, as mudanças de temperatura média global, que acontecem devido à alteração da órbita da terra em relação ao sol, denominado Ciclo de Milankovitch

Os principais gases do efeito estufa são o dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). O CO2 é emitido, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural. Já o CH4 é produzido pela decomposição da matéria orgânica, sendo muito abundante em aterros sanitários, lixões, reservatórios de hidrelétricas e também pela atividade pecuárias. Além disso, o desmatamento da vegetação nativa para a exploração de madeira e cultivos anuais, assim como a construção de parques eólicos e solares para a geração de energias renováveis, também contribuem para o aquecimento global.

Tempestade, vendaval, furacão e inundações

Em qualquer um dos casos, as mudanças climáticas podem alterar as condições de tempo de um determinado local e causar desastres ambientais, como tempestade, vendaval, furação e inundações, a exemplo do que ocorreu  em abril deste ano no Rio Grande do Sul (Figura 3).

As mudanças naturais da temperatura média global é um fenômeno normal que acontece a cada ciclo solar. Porém, o que não é normal é a velocidade com que essa alteração está ocorrendo, pois tem-se registrado um aumento entre 1 a 1,5 °C em 150 anos e, devido a alteração acelerada, dificilmente os seres humanos e os animais conseguirão evoluir a tempo de se adaptarem aos efeitos adversos dessa alteração.

Vejamos: uma variação de +2 °C em uma média global é comum as pessoas acharem insignificante, mas, como é uma média, terá lugares com aumento de +6 °C e, outros sem alteração e, podendo ter impactos enormes. Um aumento de 6 °C em Mossoró (RN) ou Teresina (PI), por exemplo, pode ser muito impactante, principalmente para pessoas que trabalham expostas ao sol. Só para se ter uma ideia, há cidades na índia, como Nova Déli, que estão se tornando inabitáveis (média de temperatura de 52,3 °C).

Com a advento da elevação da temperatura, regiões consideradas quentes podem se tornar inabitáveis, afetando milhões de pessoas e causando migrações em massa, com todas as consequências políticas e sociais associadas. As mudanças climáticas podem afetar nossa saúde, capacidade de cultivar alimentos, provocando ameaça à segurança alimentar, habitação, segurança e trabalho. Alguns de nós já são mais vulneráveis aos impactos do clima, como as pessoas que vivem em pequenas nações insulares e outros países em desenvolvimento.

Desequilíbrio

Os principais gases do efeito estufa são o dióxido de carbono que é emitido, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis; e metano, produzido pela decomposição da matéria orgânica

A situação exige muita preocupação. Recentemente, a Agência Espacial Americana (NASA) divulgou um estudo apontando que o Brasil corre o risco de se tornar parcialmente inabitável nos próximos 50 anos devido aos efeitos das mudanças climáticas. A pesquisa aponta que o aumento das temperaturas médias e a redução das precipitações, especialmente nas regiões da Amazônia e do Nordeste, poderão causar um declínio acentuado na biodiversidade e no equilíbrio dos ecossistemas locais.

Esse cenário poderá resultar em eventos climáticos extremos mais frequentes, como secas severas e ondas de calor extremo, comprometendo a agricultura, a disponibilidade de água e a qualidade de vida. Para evitar essas consequências catastróficas, o estudo reforça a necessidade de ações urgentes e eficazes para mitigar os impactos das mudanças climáticas e proteger o meio ambiente e a população brasileira.

Condições como a elevação do nível do mar e a intrusão da água salgada avançaram ao ponto de comunidades inteiras terem que se mudar, e secas prolongadas estão colocando as pessoas em risco de insegurança alimentar grave devido à redução da produção agrícola.

O que no passado as pessoas entendiam como conversa de cientista, hoje está cada vez mais evidente que se trata de algo preocupante e urgente, até porque a sociedade já sente de perto e a olho nu os efeitos das mudanças climáticas. Se não houver uma mudança de paradigma em relação ao desenvolvimento sustentável do planeta, futuramente, teremos um aumento exponencial no número de refugiados do clima, em decorrência dos efeitos causados pelo aumento da temperatura média global.

Em relação à agenda ambiental global, dentre os 17 Objetivos de Desenvolvimentos Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, o número 13, pede ação urgente para o combater à mudança climática e seus impactos. Mas, como os 17 ODS estão interligados, todos eles podem influenciar nas mudanças do clima e vice-versa. Deste modo, avançaremos pouco na atenuação dos efeitos ação climática se não acelerarmos, por exemplo, as metas do ODS 7 sobre energia acessível e limpa, bem como as metas do ODS 12 que tem relação com consumo e a produção responsável.

Leia o texto anterior: Rio Grande do Norte foi o estado nordestino com maior desmatamento

Nildo da Silva Dias é Professor Titular da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). Francisco Cleiton da Silva Paiva é Advogado, Servidor Público na Ufersa e Doutorando pelo Programa de Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UFERSA).

Nildo da Silva Dias e Francisco Cleiton da Silva Paiva

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