Cada bom problema gerado pode servir de mote para criação de novas oportunidades. Essa é uma forma de manter seu negócio competitivo ou em inovação constante e sistemática
Seja problemático e mantenha-se competitivo!
“O que você pretende dizer com isso, GBB San, que temos poucos e ainda cabem mais?”. Este seria o pensamento natural ao ler o título. Entretanto, como estamos na coluna em que a inovação é o corpo e o empreendedorismo corre nas veias, é necessário esclarecer que existe uma forma de manter seu negócio competitivo – ou em inovação constante e sistemática – num Mercado de tecnologias perecíveis que levam a inovações cada vez mais voláteis: por meio da criação de bons problemas! Quando falo em “bons” refiro-me àqueles que valem a pena serem resolvidos. Se é você quem cria, deverá estar sob seu controle, seu domínio, diferentemente daqueles que são impostos. Nesses últimos, a estratégia é de reação, de apagar fogo, não de condução. O problema “ruim” sempre está no controle. Nesta Aula Condensada (AC), defenderei que este é um caminho importante e mostrarei um método para criar bons problemas.
Antecipe, não reaja apenas
Você tem um P2S2 (processo, produto, serviço, startup) em curso há algum tempo no Mercado, e ele demonstra estar chegando à última fase da curva “S” de sua jornada: nasceu, cresceu, amadureceu e vários KPIs demostram que seu P2S2 mergulhará, muito em breve, no Oceano Vermelho, no qual o staff terá de vender o almoço pra comprar o jantar. Ou seja: por não praticar estratégias ágeis, capazes de antecipar o que eu, você e a velhinha de Taubaté sabemos, terá agora que partir para o tudo ou nada, convocar brainstormings estressantes para, quem sabe, retardar o diving in red (mergulho no vermelho – botei em inglês pra parecer ainda mais sério) por pelo menos algum tempo, ou contratar algum afilhado de Seth Godin com ascendência em Steve Jobs pra criar alguma fórmula mágica de marketing. Pode até rolar, mas eu, você e a tia da velhinha de Taubaté sabemos que não sairá barato, já que em emergências os remédios costumam ser mais caros, sem falar que acontecerá novamente. Ao invés de reagir, não seria melhor ter um time preparado com um método, ou um remédio, no bolso?
Por onde começar
Seu P2S2 é composto por vários entes: fornecimento, produção, logística, custo, preço, visibilidade etc. Você terá de analisar tudo que o envolve para encontrar seus respectivos trade-offs (contradições, restrições, dilemas, amarrações). É exatamente aí onde ficam os espaços para aprimoramento de seu P2S2 ou as brechas para que a concorrência o faça: (a) você depende de delivery; (b) os insumos para manter a qualidade do produto dependem de fatores externos (importação, dólar, sazonalidade, exclusividade); (c) precisa aumentar a produção e reduzir custos ao mesmo tempo; (d) tem de escalar, viralizar algum produto ou serviço e não tem caixa para trabalhar o marketing; (e) precisa de desenvolvedores para construir soluções. E por aí vai. Broncas não faltam. Se você não for de encontro ao problema, ele virá até você.
Em termos de negócios, tudo é fisicamente modelável, no mínimo desenhável ou, de um modo mais moderno, passível de ser colocado em um hyper canvas. Assim, um ponto de partida na geração de um bom problema brotará de seu correto modelamento.
Criando bons problemas: um algoritmo simples
Sabemos que o problema (ruim) vai acontecer. Então, modele seu negócio para que possa antecipar-se aos problemas ruins e criar problemas bons.
Exemplo A: Escalar produtos e/ou serviços reduzindo custos e sem ter um caixa para trabalhar um marketing dedicado. Usando o algoritmo:
Exemplo B: Custo de delivery. Usando o algoritmo:
Finalizando…
Costumeiramente falando, criar problema trata-se de “arrumar sarna pra se coçar”. Entretanto, observe que cada bom problema gerado acima pode servir de mote para criação de novos P2S2, novas oportunidades. Saber gerar “bons” problemas (aqueles que valem a pena serem resolvidos) é fundamental para os negócios, pois garante a antecipação de crises e mantém a cabeça atenta no fomento constante e sistemático da inovação, fator preponderante para a competitividade. E como diz minha mãe: “Um mal procurado por si, é fácil de se curtir!”. Curta essa ideia.
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Leia a edição anterior: Ciência empreendedora
Gláucio Brandão é Pesquisador em Extensão Inovadora do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Gláucio Brandão
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