Até quando teremos em nossas telas e nas nossas portas a crescente do terrorismo em que pobres e pretos perdem suas vidas
Em uma semana verdadeiramente triste para o Brasil, em que o congresso votaria a cobrança de mensalidade para as Universidades Públicas e em que o governo cortou ainda mais recursos da educação (bloqueio linear de 14,5% no orçamento discricionário do MEC) nada foi mais triste do que o que vivenciamos em Pernambuco e em Sergipe. A tragédia anunciada nos morros de Recife, que ceifou a vida de dezenas de brasileiros com as chuvas torrenciais que vem e virão cada vez mais intensas – aquecimento global. Em Sergipe, o mais horroroso ato humano: a morte de Genivaldo de Jesus em uma viatura da polícia que funcionou como uma câmara de gás. Diante deste ato tudo parece um tanto quanto secundário: a destruição da educação, o negacionismo, uma vez que nesta morte toda a forma de ódio enxergou nas entranhas da maldade o seu ápice destruidor. Resta a este país uma única e simples pergunta: quanto vale a vida de cada brasileiro e cada brasileira?
Até quando teremos em nossas telas e nas nossas portas a crescente do terrorismo “no jeitinho brasileiro” em que pobres e pretos perdem suas vidas às custas de uma indignação passageira, até o momento em que sejam resumidos a memes compartilhados por redes sociais?
Espero que a memória de Genivaldo não seja apagada assim como a daqueles tantos outros inocentes mortos pela ação do Estado.
Quem planta vento colhe tempestade. Quem planta arminha, colhe isso aí.
Eu desejo paz e fé à família deste brasileiro que se foi para sempre.
Ao Brasil, desejo que alimente a empatia, o amor ao próximo, não só dentro da igreja, mas sim fora dela, onde a vida se faz realidade, a poesia perde a cor e o ódio parece ter certeza que venceu.
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Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
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