Férias, elas existem mesmo? Ciência Nordestina

terça-feira, 17 dezembro 2024
Vem o mês de janeiro e com ele o sonho do sol, sal e mar (Foto: Nossa Ciência)

Burnout docente: como professores e pesquisadores podem equilibrar trabalho e lazer

Basta conversar com qualquer professor ou pesquisador neste período do ano que a sensação será a mesma: férias chegando, desejo de largar tudo e cair no mar. Vem o mês de janeiro e com ele também a velha constatação de que o sonho do sol, sal e mar ao sabor do caranguejo e camarão é sempre uma grande ilusão. Os prazos não param e as bancas continuam, as correções de teses, de artigos (seus e dos outros)… E lá vem prestação de contas e prazo para submeter novos projetos. As aulas, ao menos elas param, mas todo o resto continua.

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Percebemos muitos colegas falando em adoecimento docente, burnout e demais problemas e nos vemos em meio a um turbilhão de atividades que nos escravizam e nos impedem de simplesmente largar o telefone celular por uma semana.

Mas será mesmo?

O corpo humano é uma máquina singela e de balanço delicado, primorosamente construído, mas sensivelmente operado em condição de estresse. Saber qual é o limite de cada máquina é fundamental para cada de um nós. E esse limite é testado a cada vez que aprendemos a dizer não.

Não precisamos :

  • aceitar todos os convites para atuar como revisor de todo e cada artigo que chega a nossa caixa de e-mails.
  • aceitar todo e qualquer aluno que busca orientação: qual o seu limite em termos de número de orientandos?
  • atuar em tantas pós-graduações, lembre que o credenciamento implica em carga horária, reuniões, publicações na área etc

Qual programa é o mais importante para você? Ele pode ser o suficiente. Trabalhar para viver e não viver para trabalhar significa ter tempo de tomar um bom café num final de tarde sem que para isso você precise planejar todo um ano. Lembre, tudo o que temos é o presente.

Perdão aos meus leitores se eles acham que a coluna de hoje está “coaching” demais… No entanto, pelo estado emocional de muitos colegas percebo que ela é necessária. Falo isso por já ter vivido 20 anos em uma Universidade e ainda não ter estabelecido o meu limite de trabalho. Essas questões “existenciais” surgem sempre antes do Natal, quando as luzes e tons nos mostram que viver é mais que trabalhar.

Trabalhar para viver e não viver para trabalhar significa ter tempo de tomar um bom café num final de tarde sem que para isso você precise planejar todo um ano.

Por mais prazer que tenhamos no trabalho (como preconizado por Confúcio) ele nunca será o todo em nosso viver. Há outros ambientes e outras pessoas que esperam bem mais que artigos e patentes de nós. Para além de pesquisadores e professores, somos gente, povo, ser humano de carne e osso. E isso é o que interessa.

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Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciência.

Helinando Oliveira

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