Estações em outros mundos #HojeÉDiadeCiência

sexta-feira, 8 novembro 2019

As estações do ano existem em outros planetas, mas, diferente da Terra, elas dificilmente são notadas

Se você alguma vez já pensou que os outros planetas também deviam ter estações do ano… Acertou! Elas podem ser quatro – outono, inverno, primavera e verão – como a Terra. Mas as semelhanças param por aí. Em alguns mundos elas dificilmente são notadas, em outros são extremas e há casos em que simplesmente são impossíveis de definir.

A causa das estações do ano está na inclinação do eixo de rotação do planeta. Ao posicionar um globo terrestre sobre uma mesa e imaginar um Sol hipotético no centro da mesa, você perceberá mais facilmente que o nosso mundo se move inclinado em relação ao plano de sua própria órbita.

É devido a essa inclinação que existem estações do ano e elas são opostas em cada hemisfério (enquanto é verão num hemisfério, por exemplo, no outro é inverno). Se a Terra girasse “na vertical” (inclinação de zero graus) não haveria alternância climática entre os hemisférios.

Derretendo chumbo

Embora não esteja certo afirmar que “é verão porque estamos mais perto do Sol”, é claro que a distância ao Sol também influencia no clima de um planeta (além da inclinação do seu eixo de rotação).

Não fosse a inclinação do eixo da Terra e você nunca teria ouvido falar no “Sol da meia-noite” ou na “noite que dura seis meses” do Ártico e da Antártica. Por serem regiões polares, elas experimentam as mudanças climáticas mais notáveis. Mas que não se comparam as que acontecem em Marte, por exemplo.

Nosso vizinho na direção oposta ao Sol tem seu eixo de rotação mais inclinado que o terrestre, e o que é pior, sua órbita está longe de se parecer com um círculo, fazendo com que durante um ano marciano a distância do planeta ao Sol varie em mais de quarenta milhões de quilômetros.

A camada de ar de Marte, muito diferente da nossa, também contribui para que durante o inverno a pressão atmosférica seja 25% menor que no verão. E o ano marciano, praticamente o dobro do terrestre, faz com que cada uma das quatro estações demorem mais.

Já o planeta Vênus praticamente não muda. Seu eixo quase não é inclinado, e assim a primavera não é muito diferente do outono. A densa atmosfera ácida de Vênus ainda produz um efeito estufa devastador. Se você acha que o verão está muito quente quando se diz que é possível fritar um ovo no asfalto, precisa saber que em Vênus uma peça de chumbo derreteria ao ar livre, mesmo no inverno.

Clima extraterrestre

Vejamos agora o caso de Urano. Sua órbita é quase tão circular quanto a terrestre (embora na prática, todas as órbitas sejam elipses). Portanto, assim como a Terra, Urano mantêm praticamente a mesma distância ao Sol o ano inteiro. Mas com uma diferença notável: o eixo de rotação de Urano está quase deitado em relação ao plano de sua órbita.

O Sol brilha alternadamente bem em cima dos polos de Urano, mas como esse planeta se move muito mais lentamente que a Terra (por estar muito mais longe do Sol), cada polo permanece na escuridão ou sob luz solar contínua por longos 42 anos. Um hipotético habitante que morresse jovem poderia nunca ver a luz do Sol, ou nunca saber o que é noite.

E mesmo quando o Sol está brilhando diretamente sobre o equador de Urano lá é frio de rachar se comparado com Mercúrio, um dos casos mais bizarros do Sistema Solar.

Esse planeta gira em torno de si mesmo três vezes enquanto completa duas voltas ao redor do Sol. Em outras palavras, em três dias se passam dois anos em Mercúrio. Pela sua proximidade com o Sol, órbita alongada e atmosfera quase ausente, a variação de temperatura em Mercúrio é a mais extrema, passando de –180ºC durante a noite para 420ºC de dia.

Para um observador em sua superfície as estrelas se movem rápido pelo céu, e o Sol pode nascer e se pôr duas vezes num único dia, aumentando e diminuindo de tamanho, fazendo movimentos esquisitos, parando e revertendo o curso, como se não soubesse para onde ir. Isto sim é um clima extraterrestre!

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Leia o texto anterior: As constelações invisíveis

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José Roberto de Vasconcelos Costa

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