Depois de um ano difícil para as universidades e ciência brasileiras é preciso manter a esperança de que dias melhores virão
2019 foi tão complicado para Universidade e para a Ciência brasileiras que não merece nem ser lembrado. Em respeito a todos os estudantes que deixaram de ser contemplados com bolsas de pós-graduação e que abandonaram os estudos evitaremos aqui fazer qualquer tipo de retrospectiva. Basta dizer que foi péssimo, terrível, deplorável.
Mas é chegado o solstício de verão e com ele o Natal – é tempo de acender uma chama de esperança no coração. É bem verdade que neste ano a chama vem bem discreta, tímida… Não dá nem para sonhar de verdade. Se outrora desejávamos usar a ciência para resolver o problema do mundo, no Brasil torcemos para manter a Universidade de pé, com estudantes nos laboratórios e a ciência respirando com auxílio de máquinas sem manutenção.
Conseguir atravessar o ano de 2020 nesta realidade já parece ser um grande consolo para todos os que fazem ciência, tamanho é o retrocesso que temos enfrentado.
O corte de investimento na ciência, na proporção em que experimentamos, leva a sérios problemas em diferentes escalas de tempo. Em um curto espaço de tempo temos a fuga dos estudantes que seriam potenciais pós-graduandos. Em alguns meses/ anos, passaremos a enfrentar graves problemas de infraestrutura.
Sem gente qualificada e sem parque tecnológico, a ciência brasileira terá retrocedido a patamares de nações com nenhum investimento em pesquisa científica. É fato que este processo é contínuo e dia após dia estamos jogando todo o potencial criativo do país pelo ralo.
E quando finalmente virmos que não sobrou nada, seremos uma nação fadada a oferecer mão de obra e recursos naturais a custo de banana.
Mas este deveria ser um texto de esperança… E é! As Universidades brasileiras continuam produzindo, trabalhando e resistindo. Esta é a esperança. Resta-nos continuar perseverando nos laboratórios de todo o Brasil, formando pessoas com a infraestrutura possível e mantendo a esperança de que um dia a tempestade passará.
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Leia o texto anterior: Conhecimento tradicional
Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
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