Escrita científica (parte 4) Ciência Nordestina

terça-feira, 28 janeiro 2025
(Imagem: Reprodução)

Como estruturar a seção de resultados e discussão em artigos científicos: a apresentação de dados, comparações com a literatura e hipóteses inovadoras podem garantir impacto e clareza.

 (Helinando Oliveira)

Para alguns autores, é preferível que existam, separadamente, uma seção com os resultados e outra com as discussões, enquanto para outros isso não é tão crítico. Faço parte deste segundo grupo, por acreditar que uma seção única (apresentando os resultados e discutindo-os imediatamente) seja mais impactante e efetiva.

Nesta seção, você deve cuidar dos detalhes ao extremo. Elabore e revise as figuras várias vezes, destacando o ponto mais importante do artigo: os resultados inovadores. Ao apresentá-los, evite exagerar naquilo que possa parecer óbvio. Cite as fontes que já relataram comportamentos similares e destaque de forma clara o que realmente representa a novidade do artigo. Lembre-se de que esta é a parte central do artigo e justifica sua existência.

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Resultados

Por vezes, surgem, nesta seção, detalhes das montagens experimentais e até mesmo menções a outros autores (Fulano et al. fizeram isso e aquilo). Estes trechos não devem constar na seção de resultados e discussão. Adapte-os às respectivas seções de materiais e métodos e à introdução. Esta seção é o lugar de apresentar os seus resultados e elucidar o máximo de dúvidas que possam surgir sobre eles. Para isso, são fundamentais os congressos da área, quando o olhar de outros colegas já incitam as primeiras questões sobre os dados e que provavelmente serão também lançadas pelos revisores. Vale também atuar como “advogado do diabo” e lançar hipóteses de confronto aos seus resultados com o argumento do “E se…”.

A comparação com o desempenho ou a resposta de outros autores é recomendada a partir de uma tabela de resultados em que diferentes parâmetros do seu trabalho são diretamente confrontados com os demais trabalhos. A existência dessa tabela é fundamental para situar os seus dados no estado da arte da área. Dessa forma, é crítico que as referências dessa tabela sejam muito bem selecionadas, que façam parte de revistas confiáveis e de bom fator de impacto, além de serem atualizadas.

Mesmo em trabalhos experimentais voltados para ciência básica, esboce possíveis aplicações ou apresente resultados de protótipos viáveis a partir dos seus dados. Mostre como eles podem expandir as possibilidades de aplicação do seu trabalho.

Feito isso, chega o momento do último capítulo de nossa saga: as conclusões. Mas isso é assunto para a próxima terça. Até lá.

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Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciência.

Helinando Oliveira

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