Para homenagear o Dia Nacional da Caatinga, colunista conta em versos sua trajetória empreendedora
Já era bem de noitinha, quando de forma rasteirinha, chega um email pra mim, pedindo bem assim:
Esse menino Brandão
tu que é metido a sabichão
nesse “Imprendedorismu” e tar
mexe no teu cabeção
e trata de modi arranjá
um jeito bom de isso
com Caatinga rimá.
Assinam as meninas do Nossa Ciência, Édina e Monquinha.
Passar bem!
Com essa tar de pandemia, eu que meio esgotado, pra lá de baratinado, não tava nem inspirado pra modi disso falá. Mas como não discunverso, sendo ainda bom de versu, e já que foi em tom de “peço”, vô mais brasa aí botá. Disconjuru vá de retro, sei que sô o que num presto, mas pra dupla aqui confesso, já tratando de avisá:
Vô mostrá pra ocês duas
que esses dois tema “isdruxo”
Caatinga e Imprendedorismu
junta só quem já foi bruxu
Eis-me aqui para prová.
E tem mais: já quié sobre Caatinga
boto Caruaru e Campina
desço lá pra Araripina
toco ainda em Petrolina
e pra validá minha sina
falo de Taperoá.
E pra mostrar que tô sem dó
sobre esse tema que há
até o quente Mossoró
vou conseguir esfriá.
Num querendo o má contá
cês verão do que já sei
Que nos beco onde pisei
Imprendedorismu num há.
Assino eu. E passar bem, tombém!
Caatinga-PE
O ano é sessenta e oito, lá dos 1900, quando nasce esse caboclo, marronzim e bunitim, chorando sem mais ter fim, fazendo um barulho da peste, na Princesinha do Agreste. Mas vou facilitar pra tu, algo que é inconteste, falo da inenarrável, Caruaru do Nordeste. Lá tem um baita feirão, junta bicho, artesanato, que nem disse Gonzagão. E pra prová o que digo, vá lá no meio do ano, e fique só espiano com muita satisfação, se não se perder no meio, da danada multidão; dizem que o feirão, junto com esse festão, é coisa que não se viu, e ainda tem quem diga que são os maió do Brasil. Mas num sou eu que digo não, foi um tar de IPHAN, que por acaso midiu. Tem gente trabalhadeira, que nem se senta em cadeira, uma baita belezura, que já deu muita gravura, não só pela bravura, mas por lá muito crescer. Vejam só: com pouca água conseguir impreender! E como lá tudo é grande, pra completar a disgrama, tem uma tar de Toritama, meia hora de jumento, que vende mais roupa que vento, onde dizem as má língua, do Brasil da Caatinga, só de jeans, quinze por cento.
Tão achando muito pouco, lembra do jumento louco? Se você for cabra macho, dele não soltar a crina, anda mais uns seiscento, bate logo em Petrolina. Chegando lá eu recomendo, tomar água e sentá, pois num vai acreditá, dos zoio esbugaiá: adivinha só menina, quem é a maior no Mundo, em fruta boa exportá? Não é atoa que um tempo, eu fui professor por lá! Aproveite o jumentinho, engate lá uma rezinha, se você for bom de mira, volte aí uns duzentinho, e chegue em Araripina. Não quero te pô do avesso, mas adivinha cabocla, quem no mundo é o maior em exportação de gesso? Tô dizeno!
Quando viram tudo isso, artesanato, jeans, agricultura e gipsita, e pro pé um bom sapato, um grande varejo de fato, foi que um tar de Digitar – diz o pôvo que é um Porto, não butei lá muita fé, pois não sou um cabra morto; onde já se viu menina, só se for lá do Mar Morto – veio pra cá ancorá. Vendo gente de quilate, disse que pra aumentar a arte e melhorar o que lá tinha, precisava de uma coisa – para mim é pura magia -, cujo nome da senhora, é Tecnologia (aqui até a espinha arripia). Botaram lá um negócio, Armazém pra Criar Arte , ou algo parecido, como se o povo daqui num soubesse o que tratasse. Povo arteiro aqui, seu moço, que não tem nem traço torto, nunca ouvi nem mi-mi-mi, ora se vão precisá, desse tar Digitar Porto?
Caatinga-RN
Sem tá muito convencido, de buscar na Caatinga, o tar de Impreendedorismu, lá no meu Leão do Norte, volto pra outra terrinha, o Rio Grande do Norte! Com o espritu de grandeza, falo só do que tem muito, da Caatinga ao Sertão, e aqui na redondeza. Vou falar de energia, de quem nem cansa e pia, daquele que muito faz, movimentar as pás. O bichu que o tempo todo, sopra e faz um alvoroço, e no Brasil tem mais, imagina esse aí rapaz, do que trinta pucento. Adivinhe aí menino, que é o maior no vento? Aproveite aí na popa, o vento que forte sopra, e com um sol que te alopra, passe e pare em Caicó. Pegue lá um bonezinho e uma rede de renda, pois de lá essa encomenda, vai daqui pro mundo afora. Tenho que dizer agora, um dado impreendedor: adivinha aí cumpadi, quem no Mundo em tua mente, é um grande produtor?
Sol nas costas, vento em testa, sobe logo um quinturão. Vou então ali na esquina, pois bom pra isso é melão, que tem água fresca dentro, serve até de refeição. Pois num é, moça bunita, que todo potiguazinho, desde muito bacurinho, sabe muito isso de có; que o maior do Mundo, quando falam nesse assunto, é um tar de Mossoró? Tem gente até que não gosta, e por isto bota sal, que por esta cercania, condimenta a freguezia, de Caburaí ao Chuí, passando o pantanal. Apresento quem no Brasil, produz como nunca se viu, e faz os hipertensu passar para lá de mal, um dos maió produtô do Mundo, o município de Macau.
Caatinga-PB
Cansado de sal e gesso, de fruta até o talo, de vento soprando e sal, e os pés cheio de calo, vou falar da Caatinga, lá de nossa Paraíba, carregando minha sina, que já tá quase no fim, provando pras duas moças, que no Nordeste é assim: impreender na Caatinga, só se for bichu ruim!
Nessa terra aprazível, que tem grande produção, advinha do que menino, que provoca alarido, e que é macio e leve e bastante colorido. Eu já vô logo dizer, pois tem muito de montão: tá bem na tua camisa, é o tar do algodão! Mas nem vou me aprofundá, pois quero logo chegar numa tar Taperoá.
Chegando nessa terrinha, dou de cara com Ariano, um cabra que se fez doutô, e depois foi contador, de uns causo mei enrolado. Mas no que eu tava atrás, para vê se me desencanto, era olhar outro bruxu, que morava no recanto, e que daqui partiu foi cedo, para criar um mói de canto. Esse tar de bruxu, diz por lá um zum-zum-zum, foi simbora pro Recife, e ali perto do Brum, construiu um algo gigante, juntando de uma só vez, empreender, aprender e fazer, pro velhinho e pro infante. Isso fica lá num rio, bem pertinho de uma beira, que uma velha titubiô, trilintô e balbuciô: será se não é o maguin, do mininu Silvio Meira?
Fui intão na uiquipidia e esse nome eu butei, com o coração cantante. Já de cara apareceu, letra pra encher um tanque. Foi aí que percebi, como esse cabra galante, saído taperoense, era um cara importante, capaz de uma só vez, que me fez até freguês, juntar o que tentei, de mostrar em uma só rima, como é belo e até combina, e é tão bonito de se ler: que na Caatinga não só se pode, mas se deve impreender!
Já pegando o beco, que matuto dorme cedo…
Não sei se tudo aí é verdade. Só sei que foi assim!
Nota. A ideia foi a de prestigiar esse povo bom, trabalhador e inteligente, do qual faço parte, que faz da labuta diária algo importante para o Mundo: dar um grande exemplo! Os erros propositais de grafia foram necessários, pois como sou fraco de rima, só assim para conseguir fazê-las. Se este texto for publicado, a licença poética foi concedida pelas meninas que me mandaram o email lá de cima, pois são vozes autorizadas!
A coluna Empreendedorismo Inovador é atualizada às quartas-feiras. Gostou da coluna? Do assunto? Quer sugerir algum tema? Queremos saber sua opinião. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos email (redacao@nossaciencia.com.br). Use a hashtag #EmpreendedorismoInovador.
Leia a edição anterior: Reprototipando produtos em cinco tempos
Gláucio Brandão é Pesquisador em Extensão Inovadora do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Gláucio Brandão
Deixe um comentário