Einstein e o GPS Ciência Nordestina

terça-feira, 30 outubro 2018
Em 1905, o jovem Einstein vivia um ano miraculoso, cheio de descobertas.

Mesclando viagem no tempo, teoria da relatividade e mercado, o professor Helinando Oliveira conclui que ciência é ousadia e criatividade

Imagine uma máquina do tempo que transporte pessoas para o passado em troca de outras que estejam por lá. Do lado de cá escolheremos um cientista neoliberal que acha que a ciência deve ser conduzida pelo mercado e de lá traremos nada menos que Albert Einstein.

Antes de tratar dos resultados deste experimento, falaremos um pouco de nossos ilustres convidados.

O cientista neoliberal do século XXI não tem uma linha de pesquisa bem definida, pois o humor do mercado varia demais e nestas idas e vindas, ao invés de pesquisa, ele espera oportunidades.

Ao ser conduzido para o Brasil de 1905, nosso cientista do século XXI encontraria na monocultura de café o mercado ideal para implementar suas técnicas de tempos e movimentos – lucro para o empregador – felicidade do empregado.

E lá do passado traríamos um jovem que vivia o seu ano mágico – Einstein em 1905. Embora estivesse empregado em um escritório de patentes e sua atividade fosse burocrática ao extremo, sua cabeça estava longe dali. Ele conjecturava sobre a relação entre tempo, velocidade e gravidade. E destes experimentos mentais ele avaliou que se dois gêmeos fossem separados – 1 deles fosse mantido na terra e outro embarcado no foguete, o tempo passaria mais rápido para um deles.

Na nossa vida cotidiana (o movimento de nossos corpos massivos) isso não significa muita coisa: ganhamos cerca de 0,000000001 segundos de tempo de vida quando voamos de avião. Porém, para coisas rápidas, isto faz uma diferença tremenda. E os efeitos de comunicação com satélites são extremamente sensíveis à teoria de relatividade de Einstein.

Ao receber Einstein em 2018 presentearíamos nosso brilhante cientista com um GPS. Inimaginável seria sua reação, ao perceber os frutos de sua pesquisa. Os GPS só existem devido à precisão da correção relativística de Einstein.

Quando recebêssemos nosso outro cientista certamente traríamos a ele uma xícara de café. A bebida seria a mesma, por mais que o mercado fosse aquecido nos idos de 1905 – o lucro imediato tem destas coisas.

Moral da história: ciência é ousadia e criatividade. Os portões que se abrem a um novo conceito não podem ser medidos por nenhuma métrica mercadológica. Conceitos e fenômenos físicos são a tecnologia do que está por vir.

Quando? Entre numa máquina do tempo e saberá.

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Leia o texto anterior: Fibras e teias: do algodão doce à nanotecnologia

Helinando Oliveira

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