Economia circular Ciência Nordestina

terça-feira, 12 dezembro 2017

O Brasil precisa entrar na era pós-petróleo e pensar produtos com alto apelo ambiental em vez de matérias-primas. Com a onda desvalorização da ciência, novas articulações são necessárias

A humanidade tem caminhado no sentido de associar desenvolvimento tecnológico à produção de lixo, como garantia da continuidade do consumismo desenfreado. Menor vida útil de produtos confere maior circulação de lançamentos e aquecimento de mercado.

No entanto, a matéria-prima é não renovável e o descarte dificilmente volta a ser insumo no processo de produção. E o destino de todo este lixo é o oceano, que acumula matéria não degradável e contaminantes.

Até aqui, a humanidade não tem praticado os conceitos de circularidade da natureza, que não gera rejeitos e reaproveita a matéria morta como insumos em ciclos sustentáveis.

Talvez a extinção do petróleo seja uma oportunidade para reinvenção de uma indústria menos irracional, mais próxima dos processos naturais, já otimizado pela evolução.

Temos percebido que o custo destes novos produtos com apelo ambiental é mais alto (o que percebemos de uma simples comparação entre o custo de uma sacola plástica convencional e outra feita de material biodegradável). Embora o custo para o planeta seja muito maior com o uso do plástico comum, é o consumidor que paga pela inovação e a tentativa de “menos” agredir o planeta.

E é neste contexto que ciência brasileira precisa estar inserida: quando deixarmos de ser exportadores de silício e importadores de notebooks teremos a oportunidade de avançar na tecnologia circular de materiais renováveis e surfar na onda da próxima tecnologia, que não dependerá do petróleo. E nesta direção, toda a tecnologia de veículos híbridos/ elétricos, dispositivos vestíveis e embarcados, a internet das coisas e as fontes alternativas de energia serão áreas prioritárias para recolocar o país na posição de fronteira de conhecimento em novas tecnologias sustentáveis/ renováveis.

No entanto, se considerarmos a nova realidade de desvalorização da ciência por parte do governo brasileiro, vemos que esta tarefa passa a ser ainda mais complexa, exigindo articulação com grupos de pesquisa no país e fora dele. Neste momento de profunda crise é essencial fortalecer os laços de colaboração internacional, como forma de impedir com que este vento neoliberal arranque os grupos de pesquisa que tentam surfar nesta nova onda científica.

Economia brasileira ainda é dependente da exportação de matérias-primas

E como bem sabem os surfistas, depois que a onda quebra é impossível de ser montada de ser novamente. Trocando em miúdos: depois que a ciência chega ao chão de fábrica na Coréia/ China/ Japão é praticamente impossível concorrer com os setores de P&D das grandes fábricas.

Portanto, este é o momento de pular na onda da era do pós-petróleo. Se perdermos mais esta estaremos fadados a continuar sendo exportadores de matéria-prima. Primeiro foram as bananas, a cana de açúcar, o petróleo, a água, o trabalho escravo… E depois, aquilo que restar e ainda interessar ao mercado.

 

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Helinando Oliveira

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